Mais de 1.300 trabalhadores aprovaram em assembléia realizada na noite desta segunda-feira, 29, paralisação de 24 horas para esta terça-feira, 30 e indicativo de greve por tempo indeterminado a partir de 8 de outubro. Os bancários confirmaram o "não" à proposta, dos banqueiros de reajuste salarial de 7,5%, já rejeitada pelo Comando Nacional dos Bancários durante a sétima rodada de negociação, realizada no último dia 24.
A paralisação terá início na região central da cidade de São Paulo e pode se estender para outras regiões. "Os bancários exigem a reabertura das negociações com apresentação por parte dos bancos com a apresentação de uma proposta que contemple aumento real de salários, PLR maior, valorização dos pisos e uma política de Plano de Cargos e Salários (PCS)", disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco. "A paralisação será um alerta aos bancos: se não houver avanços nas negociações os bancários irão à greve por tempo indeterminado", advertiu.
Proposta Rebaixada – Apesar de conhecerem as reivindicações da categoria desde 13 de agosto, os banqueiros indicaram reajuste de 7,5% de para os salários, pisos e demais verbas, como vale-refeição, alimentação, auxílio-creche/babá. Os trabalhadores consideram o valor insuficiente já que a inflação ficou em 7,15% no período entre setembro de 2007 e agosto de 2008 (de acordo com o INPC). A categoria quer 5% de aumento real nos salários, vale alimentação e auxílio-creche de R$ 415; e vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Apesar de contabilizarem excelentes resultados, os bancos querem pagar Participação nos Lucros e Resultado (PLR) menor aos bancários: a regra básica corrigida em 7,5% (80% do salário, acrescido de valor fixo de R$ 943,85), e valor adicional de acordo com a variação do crescimento do lucro líquido de cada banco. Entretanto, essa variação foi bem menor este ano, o que reduzirá ou anulará o valor adicional a ser pago. Os bancários querem PLR de três salários mais valor fixo de R$ 3.500.
Clientes – O auto-atendimento funcionará normalmente para reduzir o possível incomodo aos clientes. Uma carta aberta com informações sobre os motivos que levaram os trabalhadores a protestar será entregue à população. "Os banqueiros que tiveram bons resultados seja em lucro, rentabilidade e ativos se recusam a retribuir aos bancários na mesma proporção que o trabalho empenhado. O mesmo tratamento recebe os clientes que pagam tarifas e spread elevados, mas não têm contrapartidas como atendimento sem filas e mais segurança", disse Marcolino.
Recado – A postura dos banqueiros, que insistem em ignorar as reivindicações dos bancários, foi criticada em alto e bom som. Na terça-feira, 23, cerca de 20 mil trabalhadores atrasaram o início das suas atividades em nove concentrações de São Paulo: Ceic (Itaú), Casa 3 (Santander), CAU (Unibanco), Complexo Verbo Divino (Banco do Brasil), Nova Central (Bradesco), Casp (HSBC), matriz da Nossa Caixa, CAO (Real), e agência Brás da Caixa. Na quinta, 25, o Dia Nacional de Luta atrasou o expediente de 58 agências na Avenida Paulista, coração financeiro do país. Aproximadamente 1.500 trabalhadores desde a Rua Bernardino de Campos até próximo à Rua da Consolação entraram apenas ao meio-dia.
Dados da Categoria – Os bancários são uma das poucas categorias no país que possuem um acordo coletivo de trabalho com validade nacional. Todos os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. A categoria conta com mais de 434 mil bancários, sendo 120 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Outros estados – Também realizam paralisação de 24 horas nesta terça-feira, dia 30, os bancários de Recife, Curitiba e Belo Horizonte.
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Trabalhadores aprovaram, em assembléia, paralisação de 24 horas para cobrar da Fenaban proposta que atenda às reivindicações da categoria
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