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Os trabalhadores rejeitaram o reajuste de 4,5% nos salários (que repõe apenas a inflação) e a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) inferior a do ano passado, conforme proposta dos banqueiros, que se negaram a incluir na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) cláusulas de proteção ao emprego em caso de fusão.
“Há quase dois meses os banqueiros já conhecem nossas reivindicações. Se quisessem evitar a greve teriam apresentado na mesa de negociação proposta com aumento real de salários, PLR maior e mais justa, proteção ao emprego nos casos de fusão e medidas de combate ao assédio moral e às metas abusivas ", disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e membro do Comando Nacional dos Bancários. “A categoria vai à greve para exigir da Fenaban uma proposta que contemple as reivindicações dos trabalhadores”, ressaltou.
Nova assembléia e Passeata – Os trabalhadores também deliberam a realização de uma nova assembléia às 17h nesta quinta 24, para avaliar o primeiro dia de greve e traçar os próximos passos do movimento. Na sexta-feira 25, a partir das 15h, haverá passeata saindo da Praça do Patriarca com destino à Avenida Paulista.
Clientes – O Sindicato vem distribuído carta aberta à população alertando sobre a greve a partir de 24 de setembro e explicando os motivos das manifestações. Também informa que o autoatendimento não será atingido pela paralisação.
Dados da categoria – Os bancários são uma das poucas categorias no país que possuem um acordo coletivo de trabalho com validade nacional. Todos os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. A categoria conta com cerca de 465 mil bancários, sendo 135 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Práticas antissindicais – O presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, denunciou ao secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, a realização da reunião entre responsáveis pela segurança dos bancos e o Comando da Polícia Militar (PM), da capital paulista, para montar um esquema de repressão a uma “possível” greve dos bancários.
Em audiência na tarde de terça-feira 22, Marcolino apresentou o e-mail encaminhado pela federação dos bancos (Febraban) aos seus filiados convocando para o encontro com a PM. Ao ver que um dos itens da audiência era “planejamento de ações conjuntas frente ao movimento grevista”, Ferreira Pinto foi taxativo: “é evidente que houve a reunião. Isso é um equívoco. Não é um procedimento correto”, disse o secretário ao afirmar que irá procurar o comandante da Polícia Militar para tratar do assunto. “A greve é um direito constitucional. A obrigação da PM é mantê-la em termos pacíficos”, destacou.
Confira as reivindicações dos trabalhadores e a proposta da Fenaban, rejeitada pela categoria
Reajuste salarial – Os bancários querem 10% de reajuste salarial. A Fenaban tinha proposto 4,5% de reajuste, que repõe apenas a inflação do período e prevê zero de aumento real.
PLR – Os bancários reivindicam PLR composta por três salários mais valor fixo R$ 3.850. A proposta rebaixada da Fenaban previa pagamento de 1,5 salário, limitado a R$ 10 mil e a 4% do lucro líquido do banco. No ano passado, os bancários receberam até 2,2 salários limitado a R$ 13.862. Pela regra em vigor, os bancos têm que distribuir entre 5% e 15% de seu lucro liquido, mas propuseram diminuir o teto para 4% do lucro líquido. Em 2008, os bancários receberam até R$ 1.980 de valor adicional à PLR. Se os bancários aceitassem a atual proposta da Fenaban, esse valor adicional seria de até R$ 1.500.
Proteção ao emprego e mais contratações – Boa parte da categoria trabalha em bancos que estão em pleno processo de fusão e incorporação: Itaú e Unibanco; Santander e Real; Banco do Brasil e Nossa Caixa. Uma das principais reivindicações da categoria é incluir cláusulas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que proteja os empregos e não deixem os trabalhadores tão vulneráveis nos processo de fusão. Os bancários também exigem mais contratações para melhor o atendimento e reduzir o ritmo intenso de trabalho, que adoece a categoria. A Fenaban recusa-se a discutir o assunto.
Saúde e condições de trabalho – Os bancários reivindicam o fim do assédio moral e da metas abusivas, vilões que provocam o adoecimento de diversos trabalhadores da categoria. Até agora não houve avanços no debate que Fenaban remete para novembro com retomada de grupos de trabalho.