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Bancos continuam discriminando mulheres

Linha fina
Informações do II Censo da Diversidade comprovam dificuldades de ascensão. Levaria 88 anos para acabar com desigualdade na remuneração entre bancárias e bancários
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São Paulo – O II Censo da Diversidade comprovou que a discriminação contra as mulheres continua. Os dados apresentados pela federação dos bancos (Fenaban), na rodada de negociação realizada na terça-feira 16, dão conta de que seriam necessários 88 anos para acabar com a desigualdade entre bancários e bancárias no Brasil. Isso porque, em seis anos (entre o Censo de 2008 e o de 2014), a diferença entre o rendimento médio das mulheres e dos homens caiu somente 1,5 ponto percentual.

De um universo de 458.922 bancários aptos a responder, participaram 187.411 ou 41%. Este ano os dados não separaram os trabalhadores entre bancos públicos e privados como no Censo anterior.

Dados – Os números vão ser analisados e servirão de base para discussões mais aprofundadas na mesa temática que trata do assunto. “Mas já ficou claro que os bancos precisam avançar muito para promover a igualdade nos locais de trabalho. Mesmo com a grande presença de bancárias e com a alta escolaridade que têm, demoraria 88 anos para chegaram à remuneração média dos bancários, uma situação sem sentido”, destaca a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

O Censo de 2008 apontava que havia 48,4% de bancárias e 51,8% de homens. Neste elas são 48,3% e eles 51,7%. Havia no primeiro Censo 77,4% de brancos e 19,3% de negros. Em 2014, 71,4% de brancos e 24,9% de negros.

O rendimento médio mensal delas em relação ao deles subiu pouco: de 76,4% para 77,9%, entre 2008 e 2013, com aumento maior no Norte, Sul e Centro-Oeste. Nesse item o rendimento dos negros na comparação ao dos brancos subiu de 84,1% para 87,3% no mesmo período, com aumento maior no Sudeste e Sul.

PCD – Nos bancos em todo o Brasil havia 1,8% pessoas com deficiência em 2008 e agora há 3,7%. “Avançou, mas os bancos ainda não cumprem a cota de 5%”, ressalta Juvandia.

Escolaridade – Entre 2008 e 2014 houve avanço da escolaridade na categoria, de 43,1% para 43,3% com superior completo e de 24,6% para 36,3% mais que superior completo. No caso das mulheres, de 47,4% para 47,9% as que têm superior completo e de 23,8% para 34,6% aquelas que têm mais que superior completo nesse mesmo período. No caso dos homens passou de 39,1% para 38,9% os que têm superior completo e de 25,3% para 38% aqueles com mais que superior completo.

Entre negros subiu de 38,1% para 42,1% os que têm superior completo e de 20,9% para 32,4% mais que superior completo. No caso dos brancos: de 44,3% para 43,7% os que têm superior comp/leto e de 25,4% para 37,6% com superior mais que completo.

Orientação sexual – A pergunta, facultativa, não foi respondida por 12,4% dos bancários. Dos que responderam, 0,6% informam ser bissexuais; 85% heterossexuais; 1,9% homossexuais; e 0,1% outra (como transgêneros). Desses 1,9% de homossexuais, 38% são os que utilizam a cláusula que permite a extensão do plano de saúde na relação homoafetiva. “Se os trabalhadores estiverem encontrando alguma dificuldade em fazer uso desse direito, devem informar ao Sindicato”, afirma Juvandia.

Afastamentos – A discussão de saúde, com a apresentação dos dados de afastamento, reiterou a necessidade de resolver os problemas de saúde e condições de trabalho que levam ao grave quadro de adoecimento da categoria. “Essas informações ainda estão sendo analisadas e corrigidas. Mas reforçamos que é importante avançar nas questões de saúde e no combate às causas do adoecimento. A gente sabe que a maioria dos que se afastam em licença médica estão nas agências e na área comercial, expostos às metas abusivas, pressão por vendas, sobrecarga e ritmo estressante de trabalho. Uma situação insustentável e que precisa mudar”, salienta a presidenta do Sindicato. “Por isso cobramos o fim das demissões, do assédio moral e das metas absurdas, que se acumulam, e enlouquecem os bancários.”

Quarta-feira - O Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban continuam os debates na quarta-feira 17. Os representantes dos trabalhadores querem respostas para pendências nas reivindicações de emprego, saúde e condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades.


Cláudia Motta - 16/9/2014

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