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Meritocracia ou discriminação?

Linha fina
Em rodada sobre igualdade de oportunidades, da Campanha Nacional Unificada 2015, bancos afirmam que promoção deve ser por mérito, e ignoram desigualdades que atingem principalmente mulheres e negros
Imagem Destaque

São Paulo - Progressão salarial, não fazem e não farão, não é a forma correta de estruturar a carreira dentro dos bancos. Qualquer debate por tempo de casa está fora de discussão, a forma de promoção é pela meritocracia e competência.

Esse foi o posicionamento da federação dos bancos (Fenaban) diante das reivindicações de seus funcionários, apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários na terceira rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2015, na quarta 9. Estabelecer um plano de cargos, carreiras e salários (PCCS) na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), para eles, está fora de cogitação.

Os representantes dos bancários afirmaram que não há igualdade entre homens e mulheres no topo da pirâmide de cargos dos bancos e reforçaram uma das principais reivindicações desta mesa: salário igual para trabalho de igual valor (veja quadros abaixo) .

“Apesar das nossas reivindicações, os bancos negam a realidade e dizem que a categoria já avançou muito e que a promoção é feita por meritocracia e competência. Eles querem dizer que as mulheres e negros não são competentes ou o sistema não funciona? Na nossa avaliação o sistema de competência e meritocracia não funciona e precisa de critérios claros para acabar com a desigualdade salarial“, afirma Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional.

Não à identidade – Os bancos negaram a reivindicação do direito à identidade visual de cada bancário. Há empresas que determinam o tipo de vestuário e a até proíbem o uso de barba, o que incomoda muitos trabalhadores. A Fenaban ironizou a demanda afirmando que, se liberar, funcionários trabalham de “bermuda e chinelo” e negou colocar uma cláusula na CCT sobre a questão, remetendo para ser resolvida banco a banco.

PCDs – As pessoas com deficiência representam apenas 3,6% da categoria. Assim, nem mesmo a cota de 5% prevista em lei estaria sendo cumprida pelos bancos. O Comando lembrou, ainda, que os acidentados no trabalho não podem entrar na cota e a Fenaban negou que isso aconteça.

A necessidade de contratação de mais PCDs e a oportunidade de ascensão na carreira foram reforçadas pelos representantes dos bancários. Sobre o dia livre para manutenção de próteses, os bancos não querem colocar na CCT, mas afirmam tratar os casos com atenção. “Recebemos várias denúncias de bancários com dificuldades para conseguir esse dia livre. Continuem denunciando ao Sindicato e encaminharemos à Fenaban. Vamos cobrar a atenção”, avisa Juvandia.

Assédio sexual – O Comando dos Bancários apresentou aos bancos dados da consulta de 2015 por meio da qual 12% dos participantes mencionaram preocupação em discutir o assédio sexual na campanha. Em 2014 era 1%.

Os negociadores da Fenaban afirmaram preocupação com a questão e informaram já terem pedido aos bancos que tentassem captar sinais de queixas sobre o tema. Nessa questão, ambos os lados concordam: casos de assédio sexual não serão admitidos. “Denuncie ao Sindicato. Cobramos campanha de combate e queremos discutir os encaminhamentos que os bancos dão para os casos de constatação de assédio”, ressalta Juvandia.

Reunião de pais – Os bancos ficaram de analisar a possibilidade de atender à reivindicação dos trabalhadores que prevê direito a um dia de ausência remunerada a cada seis meses para os pais participarem de reuniões escolares com os professores para cada filho ou enteado, em idade escolar. Já tramita no Senado projeto de lei nesse sentido, em caráter terminativo, ou seja, aprovado pelas comissões, não precisará voltar para votação em plenário.

Calendário – O Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban voltam à mesa de negociação numa rodada extra na terça-feira 15 para terminar os debates sobre causas de adoecimento e metas, além dos 15 minutos de pausa para mulheres. Remuneração entra na pauta na quarta-feira 16.

Na sexta-feira 11, os representantes dos bancários reúnem-se com a direção da Caixa para debater questões específicas sobre carreira, isonomia, respeito à organização do movimento sindical. O BB também tem rodada no dia 11 para negociar o aditivo e vai tratar de cláusulas sociais como abono das horas para consulta médica, vale-cultura para todos os funcionários, além de previdência complementar. 

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Cláudia Motta - 9/9/2015

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