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Metalúrgicos da Ford de São Bernardo em greve

Linha fina
De acordo com sindicato, montadora descumpre acordo, aprovado em março passado, garantindo estabilidade por dois anos. Dos 4.300 trabalhadores da unidade, 160 estão em layoff desde maio
Imagem Destaque
São Paulo – Em assembleia ocorrida na manhã de quinta 10, os trabalhadores da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado em protesto contra o corte de pessoal. O anúncio de demissões foi feito após o encerramento do prazo de adesão a um Programa de Demissão Voluntária (PDV), que ficou aberto por dois meses e não atingiu a meta pretendida pela empresa.

O coordenador do Comitê Sindical na Ford e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, afirma que ainda não é possível saber o número exato de trabalhadores atingidos: “Os trabalhadores foram comunicados ontem. Uma parte estava na fábrica, cerca de 80, e outra faz parte do grupo que está em layoff e em banco de horas. Eles estão sendo informados que estarão demitidos a partir de 21 de setembro”.

Durante a assembleia, o dirigente reforçou que a decisão não foi negociada com o sindicato e que demitir não é a solução, independente do número de atingidos. “A empresa não nos chamou para negociar, preferiu seguir outro caminho e enfrentará reação. Em 1990 fizemos 50 dias de greve contra a demissão de 100 companheiros. Não importa a quantidade de trabalhadores. Hoje são 200, mas a montadora já informou que terá de reduzir ainda mais a velocidade da linha de produção em janeiro, ou seja, amanhã o excedente pode ser ainda maior. A empresa precisa saber que não vamos admitir demissões. Vamos ficar parados até que ela revogue as demissões e volte a negociar”, afirmou Paraíba.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, ressalta que o anúncio surpreendeu a todos. “Não esperávamos demissões na Ford. Há mais de um ano vínhamos conversando com a fábrica e encontrando alternativas em conjunto para enfrentar o cenário adverso. Reconhecemos as dificuldades, a queda acentuada na produção, no entanto, não era necessária uma atitude dessa natureza. Sempre há espaço para negociação. Se a empresa decidiu conduzir desta forma, haverá reação”, disse.

A Ford tem cerca de 4.300 trabalhadores em sua unidade em São Bernardo do Campo, 160 estão afastados em regime de layoff desde 11 de maio e 59, por meio de banco de horas.

O sindicato reitera que a greve continuará até que a empresa reverta as cerca de 200 demissões anunciadas ontem. “Com essa atitude, a fábrica rasga parte do acordo aprovado em março, que garante estabilidade até março de 2017. Isso mostra o rompimento das negociações com o sindicato. A luta é agora”, enfatizou Paraíba.

A Ford foi procurada para comentar a decisão dos trabalhadores de cruzarem os braços, mas não atendeu à reportagem.


Rede Brasil Atual, com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da Agência Brasil - 11/9/2015
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