São Paulo – Anos de debate durante as campanhas nacionais unificadas e via grupo de trabalho (GT) sobre as causas de adoecimento nos bancos resultaram no reconhecimento, por parte da Fenaban, de que é necessário discutir medidas para combater as causas das doenças que atingem seus funcionários. Esse foi o resultado da rodada de negociação da terça-feira 15, entre a federação dos bancos e o Comando Nacional dos Bancários.
“Foi um amplo debate que esperamos que culmine em medidas concretas por parte dos bancos. Há um consenso de que têm de ser percebidas pelos bancários, eles têm de sentir que melhorou a qualidade de vida. Isso deverá passar pela melhoria na gestão, nos processos, nas relações de trabalho”, explica a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “Também deixamos claro que as premissas dessas mudanças têm de estar estabelecidas numa cláusula até o fim da campanha. E que esteja previsto o acompanhamento dos representantes dos trabalhadores sobre os resultados dessa nova cláusula.”
Não tem como negar – Os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil. Segundo o INSS, entre 2009 e 2013, o número de bancários afastados por doença cresceu 40,4%, enquanto o número geral de afastamentos no mesmo período cresceu 26,2%. Os benefícios acidentários por transtornos mentais e comportamentais concedidos a bancários entre 2009 a 2013 cresceu 70,5% (de 2.957 para 5.042), enquanto que nos demais setores cresceu 19,4%.
Em 2013, mais de 18 mil bancários (18.671) foram afastados. Desse total, 27% por transtornos mentais e comportamentais (como estresse, depressão, síndrome do pânico) e 24,6% por LER/Dort.
Somente entre janeiro e março de 2014, 4.423 bancários foram afastados do trabalho, sendo 25,3% por lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares e 26,1% por doenças como depressão, estresse e síndrome do pânico.
15 minutos – O debate sobre os 15 minutos de pausa para mulheres antecedendo a jornada extraordinária ficou para quarta-feira 16, antes do início da pauta de remuneração. Dê sua opinião sobre o assunto na enquete do site.
Remuneração - Lucro de R$ 36,1 bilhões em seis meses. Esse resultado, alcançado pelos cinco maiores bancos em operação no Brasil (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander), é 27,4% mais alto que no primeiro semestre de 2014.
O que poderia parecer um feito para outros setores – ganhar tanto em plena crise econômica internacional –, para os bancos é rotina. Repetem essa atuação há décadas, seja em que cenário for.
Sabedores disso, e de quanto devem aos seus funcionários – cujo trabalho pesado é em grande parte responsável por todo esse resultado –, os integrantes do Comando Nacional dos Bancários voltam à mesa de negociação com a Fenaban na quarta-feira 16.
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Cláudia Motta – 15/9/2015
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Até o final da campanha, Comando quer construir nova cláusula que ajude a combater as causas. Nesta quarta, debates serão sobre remuneração
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