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Chapéu
Economista explica

Desemprego recua em julho: é bom, mas é ruim. Entenda!

Linha fina
A redução da taxa de desemprego se deve ao efeito do 13º salário e por conta das contratações para as festas de fim de ano
Imagem Destaque
Arquivo EBC

Tem muita gente aí, principalmente o governo, comemorando os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A taxa da população desocupada, hoje em 12,6 milhões de pessoas, recuou 4,6% (609 mil pessoas a menos) em comparação o trimestre de fevereiro a abril de 2019.

A reportagem é do Reconta Aí.

Isso é bom? É bom, mas nem tanto. Ficou confuso? Peraí que o economista Sergio Mendonça, ex-Dieese e coordenador do Reconta Aí, explica. “Esse resultado é fruto da sazonalidade. Quer dizer, nessa época do ano, é esperada uma queda do desemprego”. Não entendeu? A gente explica mais.

O que é a sazonalidade

A partir de agosto, pelo efeito do 13º salário na economia e também pela preparação do comércio para as festas de fim de ano, é normal que haja um recuo nas taxas de desemprego.

Para termos uma comparação mais correta, é necessário olharmos para o mesmo período do ano anterior. Em julho de 2018, estimava-se que 12,3 milhões estavam desempregados. Em julho de 2019 são 12,6 milhões.

Ainda assim, o Brasil tem um número assustador de pessoas sem emprego. De 2014 (quando alcançamos o pleno emprego), ganhamos 6 milhões de desempregados. Isso tudo em apenas 5 anos!

A realidade do subemprego

Além disso, vale lembrar que as (poucas vagas) geradas desde o começo do ano estão, sobretudo, no subemprego e no mercado informal. O número de quem trabalha por conta própria, por exemplo, bateu novo recorde da série histórica e hoje atinge a marca de 24,2 milhões de pessoas.

O número de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (aquelas que trabalham menos de 40 horas semanais) chegou a cerca de 7,3 milhões no trimestre de maio a julho de 2019, outro recorde dessa série histórica comparável.

E temos um outro indicativo importante da precarização do trabalho. O número de pessoas empregadas no setor privado com carteira assinada se manteve, no comparativo, em 33,1 milhões. No entanto, o número de empregados sem carteira assinada atingiu novo recorde e subiu em ambas as comparações (trimestre anterior e mesmo período do ano anterior), ficando e, 11,7 milhões de pessoas.

Fruto do desemprego: os desalentados

Outro dado triste que é a cara deste Brasil diz respeito aos desalentados. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é quem realiza a PNAD, considera como aquele que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade – e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.

Esse número bateu recorde da série histórica no trimestre passado e manteve-se estável em 4,8 milhões de pessoas entre maio a julho de 2019. Esses números mostram que há muito pouco o que comemorar em relação à geração de empregos no Brasil. Mesmo após a aprovação da Reforma Trabalhista, em 2017, que rifou os direitos dos trabalhadores com a promessa de criação de postos de trabalho, a situação segue desesperadora.

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