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Chapéu
Aux armes, citoyens

França em greve contra reforma da previdência

Linha fina
Paris tem a maior paralisação do metrô em 12 anos; nos próximos dias, advogados, médicos, pilotos, comissários de bordo e eletricitários devem realizar protestos para defender suas aposentadorias em uma mobilização que serve de exemplo para os trabalhadores do Brasil, que enfrentam o mesmo problema
Imagem Destaque
Kenzo Tribouillard/AFP

Dez das 16 linhas do metrô de Paris amanheceram paradas; as demais funcionam parcialmente, apenas nos horários de pico da manhã e no final da tarde. As linhas de ônibus também estão com o tráfego praticamente interrompido.

A paralisação do transporte se deve à reforma da Previdência que o governo de Emanuel Macron pretende implantar. O projeto substitui o sistema atual de 42 anos de contribuição por um de pontos, no qual cada euro recolhido para a Previdência contará no cálculo da futura pensão. Além disso, o governo quer unificar os 42 regimes especiais de aposentadoria existentes no país, que seriam transcritos num padrão universal.

A idade mínima legal de 62 anos não muda, em princípio, para homens e mulheres. Mas o projeto introduz um sistema de descontos e bônus. Quem se aposentar com a idade mínima receberá um desconto no valor da pensão, enquanto aqueles que permanecerem na ativa por mais tempo serão recompensados com um valor superior.

A partir da semana que vem, advogados, médicos, pilotos, comissários de bordo e funcionários da companhia de eletricidade EDF devem realizar protestos para defender suas aposentadorias. Além disso, duas grandes manifestações nacionais de sindicatos estão previstas em 21 e 24 de setembro.

Para a secretária de Comunicação do Sindicato dos Bancários, Marta Soares, a greve na França contra a reforma da previdência serve de exemplo para todos os trabalhadores do Brasil que estão vivendo essa mesma realidade.

“No Brasil só vemos retrocessos, como a reforma trabalhista, que foi vendida para a população como saída para a geração de empregos e, dois anos depois, milhões continuam desempregados e as poucas vagas criadas são precárias, em trabalhos informais ou em regimes parciais e intermitentes”, afirma.

A dirigente enfatiza que o governo brasileiro deveria buscar outras alternativas a fim de evitar lesar os trabalhadores, como uma reforma tributária que taxe os mais ricos.

“Nós temos compreensão entre essas diferentes realidades, mas a atitude dos trabalhadores franceses serve de estímulo para todos nós. Aqui seria mais justa para o conjunto dos trabalhadores uma reforma tributária que combata a sonegação de impostos, aumente as taxações sobre grandes propriedades rurais e grandes heranças; e institua cobrança de impostos sobre lucros e dividendos, grandes fortunas, exportações do agronegócio e embarcações e aviões particulares, hoje totalmente isentos de impostos, seria mais justa com os trabalhadores.”

“Mas ao invés disso, o governo isenta a tributação sobre as exportações do Agronegócio que poderia render 83 bilhões para o INSS, e a conta acaba sempre sobrando para os trabalhadores, enquanto empresários, ruralistas, rentistas e banqueiros ficam ilesos.”

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