
Nesta sexta-feira (26), ocorreu o 1º Seminário Nacional da Pessoa com Deficiência do Ramo Financeiro, promovido pela Contraf-CUT, na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, no Centro da capital paulista. O evento reuniu representantes das federações do movimento sindical bancário e convidados ligados a coletivos de diversidade, promovendo um amplo debate sobre inclusão, acessibilidade e combate à desinformação.
A atividade ocorreu na semana do Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, celebrado em 21 de setembro. A data, instituída oficialmente em 2005 durante o primeiro governo Lula, reforça a mobilização permanente por inclusão, respeito e participação social plena.
A mesa de abertura contou com a presença de Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo; Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT; Jandyra Uehara, secretária de Políticas Sociais da CUT Nacional; Ivone Silva, vice-presidenta da CUT-SP; e Maria Cleide Queiróz, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo e representante da Contraf-CUT na eleição do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência (Conade), realizada no início de junho.

"Precisamos, cada vez mais, trazer para a realidade do mundo do trabalho e das lutas coletivas que temos muita diversidade na classe trabalhadora. Temos necessidades diferenciadas, estamos estudando muito a questão das neurodivergências e tudo isso precisa estar na organização do Sindicato", afirmou Neiva Ribeiro durante a abertura do seminário.
Juvandia Moreira destacou que o seminário será importante para atualizar as demandas da categoria e na busca de novos direitos: "Temos um conjunto de reivindicações que ainda não foram alcançadas. Já temos muitas conquistas, por termos essa organização, mas ainda precisamos atualizar nossa pauta e fazer negociações que tragam inclusão, que possibilitem ascensão profissional dos trabalhadores com deficiência e que melhorem o ambiente de trabalho."

A dirigente sindical Maria Cleide Queiroz relembrou importantes vitórias já alcançadas pelos trabalhadores com deficiência, como o direito ao abono ausência para os empregados fazerem conserto de suas ajudas assistivas e a isenção da coparticipação do plano de saúde, obtida no Santander. Apesar das conquistas, Maria Cleide ressaltou que ainda há muito trabalho a ser feito na luta contra o capacitismo.
"Hoje é um dia marcado pela inclusão, algo pelo qual tanto lutamos em nossa sociedade. Lutamos contra o capacitismo, contra as diferenças e, mais do que isso, lutamos pelo direito ao trabalho, pois hoje temos a Lei de Cotas que ainda não é cumprida", denunciou a dirigente.

Saúde, esporte e inclusão
Na segunda mesa do seminário, Isaías Dias, diretor da Afubesp e ex-representante da CUT no Conade, abordou a importância e os desafios envolvendo a representatividade das pessoas com deficiência. A ativista Sandra Ramalhoso tratou da saúde da mulher com deficiência, enquanto José Roberto Santana, diretor da FETEC-CUT/SP, abordou iniciativas no esporte voltadas ao público PCD. O momento também contou com uma demonstração e relato sobre o ju-jitsu adaptado, feita pelo atleta José Carlos dos Santos Alves, evidenciando a potência da atividade física inclusiva.
Educação, direitos e combate à desinformação
A última mesa trouxe debates sobre terminologia, letramento e educação inclusiva. Luiz Soares da Cruz, o Lulinha, assessor do Coletivo Nacional de Pessoas com Deficiência da CUT, iniciou o debate com a apresentação “As Pessoas com Deficiência: Conceitos, Preconceitos e Terminologia”. Em seguida, Carlos Maciel, dirigente do Sinpro-DF e coordenador do Coletivo de Pessoas com Deficiência da CUT-DF, abordou a educação inclusiva e as políticas necessárias na área. Posteriormente, Larissa Argenta, advogada atuante na causa autista, falou sobre os direitos relacionados ao autismo, reforçando a importância de garantir dignidade e condições adequadas para esse público.
Encerrando a programação, Ergon Cugler, Mestre em Administração Pública e membro do Conselho da República (Conselhão), e Arthur Ataide Ferreira Garcia, ativista e vice-presidente da organização Autistas Brasil, abordaram os efeitos da desinformação e das fake news relacionadas ao autismo, chamando atenção para a necessidade de informação de qualidade sobre o tema.
Ergon e Arthur mencionaram fake news comuns que buscam explicar erroneamente as causas ou mesmo formas de cura para o autismo. Segundo os especialistas, essa desinformação tem gerado ganhos políticos e financeiros para seus divulgadores, enquanto desorienta pais de autistas e a sociedade em geral.
Sons da Democracia
Ao término do seminário, foi iniciada mais uma edição do Sons da Democracia, atividade mensal do Sindicato que une atrações musicais com importantes debates sociais. Em linha com o seminário, a edição deste mês teve como tema escolhido a inclusão da pessoa com deficiência, trazendo o Grupo Nascente do Canto, grupo de samba composto exclusivamente por pessoas com deficiência visual.

