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À tarde, a partir das 17h, os bancários fazem passeata pelas ruas do Centro, saindo da Praça do Patriarca. Antes da caminhada, fazem assembléia para avaliar o movimento e referendar a continuidade da greve.
“Os bancários sempre mantiveram aberta a via da negociação e comunicamos isso à Federação dos Bancos no dia 22. Mas não houve qualquer contato e a greve vai continuar até que os banqueiros atendam as reivindicações dos trabalhadores de aumento real nos salários e PLR maior”, afirma o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino
PM – A atuação da Polícia Militar, mais uma vez nas agências do Bradesco, merece destaque. Para cumprir ordem do banco de abrir das agências, os PMs abusaram da truculência, ferindo bancários, clientes e até jornalistas da grande imprensa que faziam a cobertura da greve na agência da rua 15 de Novembro.
“O Bradesco está se transformando no vilão da greve dos bancários”, diz o presidente do Sindicato. “A pressão que o banco exerce sobre os bancários no dia-a-dia foi multiplicada, agora, para forçar os funcionários a furar a greve”, conta Marcolino.
No Bradesco da rua Boa Vista, os bancários foram obrigados a chegar às 3h da madrugada e a agência abriu com força policial. No Bradesco da rua 15 de Novembro, Marcos Amaral, dirigente do Sindicato e funcionário do próprio banco, foi preso. “Causa estranheza a quantidade de policiais que o Bradesco consegue mobilizar contra os grevistas”, diz Marcolino. Eram cerca de 30 somente na agência da 15 de Novembro. Após a reabertura com o arrastão da PM que feriu cerca de dez pessoas entre dirigentes sindicais, bancários, clientes e jornalistas, os policias fizeram um cordão de isolamento na porta do banco, para mantê-lo aberto.
Pela manhã, o bancário da Nossa Caixa, Dirceu Travesso, também foi preso na porta do banco, na rua 15 de Novembro. Os dois já foram soltos.
As reivindicações – A minuta de reivindicações foi entregue aos banqueiros em 11 de agosto e contém 100 cláusulas econômicas e sociais. Saúde é um dos eixos de campanha e há cláusulas de prevenção, reabilitação e isonomia dos trabalhadores afastados com os da ativa. Os bancários querem reajuste salarial de 11,77% (reposição da inflação de 5,69%, ICV Dieese, mais aumento real de 5,75%), PLR maior (um salário mais valor fixo de R$ 788 acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários), valorização dos pisos, garantia de emprego e novas conquistas – como o 14º salário, 13ª cesta-alimentação, proteção salarial (reajuste sempre que a inflação acumulada alcançar 3%). Dentre as cláusulas sociais, há pontos como a promoção da igualdade de oportunidades e o controle de tempo de espera nas filas. Também são reivindicados o fim da terceirização e a recontratação dos terceirizados; ampliação do horário de atendimento ao público para das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho; medidas para coibir e combater o assédio moral; continuidade dos trabalhos da Comissão de Segurança Bancária; eleição de delegados sindicais nos locais de trabalho.
A categoria – A data-base da categoria é 1º de setembro. O contrato coletivo de trabalho dos bancários é nacional. No Brasil há cerca de 400 mil bancários. Em São Paulo, Osasco e Região são 106 mil trabalhadores distribuídos em torno de 3 mil locais de trabalho. No ano passado, os bancários receberam reajuste salarial que variou entre 8,5% e 12,77% (no piso salarial), contra uma inflação de 6,4%.
Greve dos bancários: informações complementares
O Bradesco protagonizou, durante a campanha salarial dos bancários, outras cenas deprimentes e violentas contra os trabalhadores. No dia 23 de setembro, em atividade na Cidade de Deus, Osasco, muitos trabalhadores foram agredidos (as cenas foram mostradas pelas emissoras de TV de todo o país) e a funcionária do Bradesco e dirigente do Sindicato, Sandra Regina Vieira da Silva, foi presa. No dia 28, quando da paralisação de 24 horas dos bancários, o Bradesco foi novamente o único banco a recorrer à força policial para forçar a abertura das agências. No dia 30, 11 agências do Bradesco amanheceram fechadas em protesto e novamente a parceria banco e violência policial: dois dirigentes do Sindicato foram presos, Hugo Tomé Aquino e Jackeline Machado.