Os bancários de São Paulo e Osasco realizaram paralisação de 24 horas nesta terça-feira, 30. Balanço final indica que foram contabilizados 441 locais de trabalho – entre agências e prédios administrativos – fechados abrangendo cerca de 15 mil bancários, boa parte na zona leste da capital paulista. A mobilização teve início no centro da cidade de São Paulo e se expandiu para outras regiões em corredores de grande concentração de agências bancárias.
A adesão à paralisação foi maior em bancos públicos – principalmente na Caixa Econômica Federal – visto que nos bancos privados a repressão é mais forte. Essas empresas fazem uso de interditos proibitórios – medida judicial tomada pelos bancos que tenta impedir o direito de mobilização da categoria alegando risco de posse dos prédios das instituições – e de esquemas de contingenciamento, em que os bancários são obrigados a entrar de madrugada, como foi registrado no Unibanco da
Praça do Patriarca, ou são transferidos de agências.“Os bancários exigem que os bancos reabram as negociações e apresentem uma proposta que corresponda às reivindicações da categoria. Queremos aumento real de salário, valorização dos pisos, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) maior”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Em assembléia realizada na segunda-feira, 29, mais de 1.300 bancários rejeitaram oficialmente a proposta da federação dos bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 7,5%, já rechaçada pelo Comando Nacional dos Bancários durante a sétima rodada de negociação, no último dia 24. A assembléia também deliberou indicativo de greve por tempo indeterminado a partir de 8 de outubro. A realização de uma assembléia no dia 7 de outubro será remetida à avaliação do Comando Nacional dos Bancários que se reúne, nesta quarta-feira, 1º de outubro.
Proposta rebaixada – Apesar de conhecerem as reivindicações da categoria desde 13 de agosto, os banqueiros indicaram reajuste de 7,5% para os salários, pisos e demais verbas, como vale-refeição, alimentação, auxílio-creche/babá. Os trabalhadores consideram o valor insuficiente já que a inflação ficou em 7,15% no período entre setembro de 2007 e agosto de 2008 (de acordo com o INPC) e a categoria quer 5% de aumento real nos salários, além de vale-alimentação e auxílio-creche de R$ 415, mais vale-refeição de R$ 17,50 por dia. Os bancos querem, ainda, pagar Participação nos Lucros e Resultados (PLR) menor aos bancários: a regra básica corrigida em 7,5% (80% do salário, acrescido de valor fixo de R$ 943,85), e valor adicional de acordo com a variação do crescimento do lucro líquido de cada banco. Entretanto, essa variação foi bem menor este ano, o que reduzirá ou anulará o valor adicional a ser pago. Os bancários querem PLR de três salários mais valor fixo de R$ 3.500.
Dados da categoria – Os bancários são uma das poucas categorias no país que possuem um acordo coletivo de trabalho com validade nacional. Todos os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. A categoria conta com mais de 434 mil bancários, sendo 120 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.