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Ampliar crédito é essencial para a economia

Linha fina
Atuação das instituições financeiras públicas aumentou a relação crédito/PIB no país para 51,5%, mas ela ainda é baixa e os bancos privados não estão fazendo sua parte
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São Paulo - O estoque total das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 2,237 trilhões em setembro, o que representa crescimento de 1,1% no mês e de 15,8% desde setembro de 2011.

Os dados divulgados pelo Banco Central na sexta-feira 26 mostram ainda que os bancos públicos foram praticamente os únicos responsáveis por esse aumento. A representatividade deles no total do crédito subiu 0,4 ponto percentual no mês, enquanto que as instituições financeiras privadas nacionais tiveram decréscimo de 0,4 p.p. e as estrangeiras permaneceram estáveis.

A relação crédito/PIB do país fechou o nono mês do ano em 51,5%, dos quais 23,8% correspondem aos bancos públicos, 19,1% aos privados nacionais e 8,6% aos estrangeiros. Houve crescimento, pois em agosto era de 51,2% e em setembro do ano passado era de 47,4%. Mas o percentual brasileiro ainda é baixo. Para ter ideia, basta comparar com o de outros países: no Chile a relação crédito/PIB alcança 86,3%, na China ela é de 130%, na Suécia, 140% e nos EUA chega a 202%.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, afirma que as concessões de crédito do sistema financeiro nacional ainda estão muito aquém do necessário para o desenvolvimento do país. “Há margem para o aumento do crédito. O governo está fazendo a sua parte ao baixar a Selic, os juros e tarifas no Banco do Brasil e na Caixa Federal, mas os bancos privados têm de fazer o mesmo. O setor financeiro privado tem altos lucros e tem de devolver isso à população, cumprindo sua função social.”

A dirigente lembra que os balanços do Santander, Bradesco e Itaú, divulgados este mês, demonstram a boa saúde financeira dessas instituições que lucraram, respectivamente, R$ 4,731 bilhões, R$ 8,6 bilhões e R$ 10,541 bilhões nos nove meses do ano. Ao mesmo tempo, a inadimplência acima de 90 dias apresentou queda neste último trimestre, ficou em 5,1% no Itaú e Santander, e 4,1% no Bradesco. “A inadimplência é baixa e a tendência é de que caia ainda mais. Não há justificativa para os bancos não facilitarem os empréstimos”, ressalta Juvandia.

Desde abril – O governo federal começou a baixar as taxas de juros dos bancos públicos em abril deste ano. Desde então, o cheque especial, por exemplo, já caiu 3,82 p.p. na Caixa e 3,36 p.p. no BB. Eles apostam na ampliação de suas carteiras de crédito para compensar a redução do spread (diferença entre quanto o banco gasta para captar recursos e quanto cobra para emprestar esses recursos).

E a base de clientes dessas instituições de fato aumentou. Com ela, subiu também a participação das duas no crédito total do país. Em abril, os bancos públicos respondiam por 21,9% do PIB, em agosto essa relação saltou para 23,4% e em setembro para 23,8%.

Já as instituições privadas nacionais e estrangeiras mantiveram-se praticamente inalteradas entre abril e agosto: 19,1% do PIB e 8,6% do PIB, respectivamente. As nacionais ainda apresentaram queda em setembro.

Por outro lado, o governo reduziu a taxa básica de juros. A Selic caiu de 12,5% em agosto de 2011 para os atuais 7,25%.

Novo cenário – A queda da Selic reduz, consequentemente, as receitas dos bancos que são remuneradas por ela, como as aplicações compulsórias e as operações com títulos e valores mobiliários. A ampliação das carteiras de crédito também seria a melhor forma de as instituições preservarem seus lucros neste novo cenário de taxa básica de juros de apenas um dígito.

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Enquanto o saldo das operações de crédito do setor financeiro público cresceu 11% nos últimos cinco meses e 25% no último ano, nas instituições privadas nacionais o crescimento foi de apenas 2,4% e 7,0% nestas bases de comparação e o das instituições estrangeiras foi de 3,6% e 11% nestes períodos.

“O crédito gera produção que, por sua vez, resulta em mais emprego, em mais renda e mais consumo. Isso aquece a economia do país”, destaca a presidenta do Sindicato. Ela lembra ainda que é o mercado interno que vem mantendo o Brasil firme diante da crise financeira internacional. “O país ficará ainda mais forte com a ampliação desse mercado, e isso se faz com mais acesso ao crédito”, argumenta Juvandia.


Andréa Ponte Souza - 29/10/2012

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