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Bancários do CTO exigem valorização

Linha fina
Departamento de TI do Itaú é paralisado no mesmo dia em que Fenaban concorda em negociar
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São Paulo – A sacrificante luta dos bancários após 16 dias de greve está surtindo efeito. No mesmo dia em que os trabalhadores do Itaú fizeram sua parte paralisando pela segunda vez o CTO, complexo tecnológico do banco, a Fenaban aceitou voltar à mesa de negociações.

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Na manhã desta sexta feira 4, antes de a federação dos bancos sinalizar a intenção de retornar à mesa, a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lembrou que a intransigência ocasionou a paralisação. “Os bancos ganham muito dinheiro e submetem a categoria e a sociedade à greve que eles poderiam ter evitado. O que estamos pedindo não é nenhum absurdo. Além de aumento real, queremos o fim do assédio moral, das cobranças abusivas por metas que causam o adoecimento de tanta gente. O bancário não pode ir para o local de trabalho para ficar doente”, disse.

Na concentração, onde trabalham cerca de 5 mil bancários e 2 mil terceirizados, funciona grande parte da TI, além do departamento de compensação de cheques.

A secretária geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas, destacou o desrespeito dos bancos à lei de greve. “Eles lucram cada vez mais e ao invés de darem aumento real, alugam prédios para contingenciamento ou dão notebooks para os bancários trabalharem de casa. Ou seja, os bancos preferem perder dinheiro com essas medidas do que dar aumento de salário”.

A lei de greve, em vigor desde 1989 proíbe as empresas de adotarem meios para coagir o empregado a comparecer ao trabalho durante a paralisação. No entanto, não era o que se via em frente ao CTO, como descreveu uma bancária.

“Acho [contingenciamento] ridículo. Se o meu local de trabalho estiver paralisado, eles me mandam trabalhar no CAT. Se lá estiver paralisado, me mandam para a Rudge Ramos, se lá também estiver em greve, me mandam para a Brigadeiro, e assim vai. Além de desrespeitar um direito meu, eu ainda tenho que pagar do meu bolso se não houver transporte do banco”, desabafou, acrescentando que nem pensa em desobedecer as ordens do supervisor. “Tenho medo de perder o emprego”, disse.

Outro funcionário ressaltou o sistema de sobreaviso, que obriga os analistas de TI a trabalharem remotamente. “Muitas vezes temos que trabalhar de sábado, domingo, feriado, depois do horário de expediente e não recebemos hora extra e nem folga por esse trabalho a mais.”

Uma bancária criticou os critérios de avaliação do Prade, programa do banco que remunera a partir de uma avaliação de desempenho. “O sistema é meio subjetivo. Além de ter que bater a meta, você tem que ser da panelinha, ser amiguinho dos supervisores, senão não ganha”, diz.

Outro trabalhador conta que em três anos de banco só viu um colega ganhar. “E isso porque ele ficava até meia noite, fazia plantão, e ainda ouvia do supervisor que não fazia mais que a obrigação. Meritocracia só existe como argumento para te mandarem embora e nunca para te remunerarem”, diz.

Respostas diferentes para apontar os problemas que afligem os trabalhadores do Itaú, mas uma reivindicação foi unânime. Os bancários exigem valorização.

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Rodolfo Wrolli - 4/10/2013

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