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Disposição de luta no Bradesco Nova Central

Linha fina
De braços cruzados, bancários defendem greve para pressionar bancos por proposta decente
Imagem Destaque

São Paulo – Disposição para resistir. Foi o que demonstraram os trabalhadores do Bradesco Nova Central nesta quarta-feira 2, quando a greve da categoria chegou ao 14º dia. Do lado de fora do prédio, que fica na Avenida Ipiranga, centro da capital, os bancários cruzaram os braços e foram unânimes em defender a paralisação.

> Fotos: galeria da Nova Central

“A greve tem de continuar e parar Ceic (Itaú), Cidade de Deus (Bradesco), Casa 1, 2 e 3 (Santander) pra dar prejuízo. Só assim, com os banqueiros sentindo no bolso, que eles vão resolver negociar. Por mim a greve permanece até que eles melhorem a proposta”, disse uma bancária.

“Tem que parar mesmo. Não tem que se intimidar. É só assim que se conseguem as coisas. Depois, quando os bancários pedem reajuste de 11% (11,93%) é porque sabem que os bancos podem atender”, diz outro.

Outro bancário, com mais de 20 anos de profissão, lembra que já teve atuação mais próxima do Sindicato, mas mostra que, apesar de afastado, mantém a postura política: “A greve é o único dispositivo que nós temos para pressionar por conquistas”. E reforça que os bancos podem atender as reivindicações da categoria. “Os bancos brasileiros são os que têm maior rentabilidade no mundo. A Fenaban falou que não podia dar aumento real na Folha de S.Paulo, mas esqueceu de comentar o lucro extraordinário dos bancos.”

> Greve é forte e a culpa é dos banqueiros

Sua colega concorda: “Só o que eles tiram em tarifa dava pro reajuste que se está pedindo. Eles podiam nos pagar muito bem”.

Na Nova Central trabalham cerca de mil bancários e mil terceirizados. No prédio funcionam diversos departamentos do banco como o de câmbio, crédito imobiliário, previdência privada, Bradesco Saúde, além de agência Prime.

“A greve sempre é justa. Se não fosse ela, a categoria não teria os direitos que tem hoje. Só acho que a mídia poderia dar mais visibilidade ao movimento”, opina uma funcionária.

Para outra bancária, a paralisação deve ser mantida até vir proposta: “Tem que fazer greve mesmo porque se não a gente não consegue nada”.

Uma funcionária do Bradesco, quando perguntada sobre a proposta de 6,1% de reajuste da Fenaban, reage com indignação: “Ah, para né?! Não vou nem comentar”.
“A proposta dos bancos é injusta. Eles podiam pelo menos dar aumento real”, diz a amiga.

Intransigência – A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, falou aos bancários sobre a intransigência da federação dos bancos. “Em vez de resolver a campanha com proposta decente, os banqueiros resolvem gastar o tempo com interditos proibitórios. Mas a gente sabe que a greve só acaba com aumento real de salário, valorização dos pisos, aumento da PLR. Já manifestamos a vontade de voltar à mesa”, disse Juvandia, referindo-se a carta enviada pelo Comando Nacional dos Bancários à Fenaban.

Abono assiduidade e vale-cultura – A dirigente lembrou que a pauta dos trabalhadores não se resume a aumento salarial e citou outras reivindicações da Campanha 2013, o abono-assiduidade e o vale-cultura. “Os trabalhadores não recebem pelos cinco dias 31 do ano, o que queremos é que isso seja revertido em ausências abonadas, como já acontece na Caixa e no Banco do Brasil. No HSBC, os bancários têm folga no dia do aniversário. Essa é uma reivindicação importante porque o trabalhador pode usar esses dias para resolver problemas pessoais ou mesmo descansar e ficar com a família.”

> Abono-assiduidade é qualidade de vida

O vale-cultura, projeto do governo federal regulamentado em lei neste ano, prevê R$ 50 mensais para que o trabalhador invista em programas e produtos culturais, como ingressos para teatro, cinema, museus, aquisição de livros, CDs, cursos na área cultural, etc. O crédito é cumulativo e a empresa pode abater o benefício do imposto de renda. “Não vai custar para os bancos e é importante para os funcionários”, destacou Juvandia.

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Andréa Ponte Souza - 2/10/2013

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