Pular para o conteúdo principal

Gerentes do BB ampliam mobilização

Linha fina
Conscientes da importância da greve para arrancar aumento real dos bancos, grupo de gestores percorre agências para convencer colegas a aderir ao movimento
Imagem Destaque

São Paulo – A greve dos bancários é sempre uma luta árdua por remuneração justa e melhores condições de trabalho. Sabendo disso, um grupo de gerentes do Banco do Brasil está dando uma verdadeira aula de mobilização. Além de aderirem à greve, os gestores estão percorrendo agências para convencer colegas sobre a importância de também cruzarem os braços.

> No 16º dia, categoria mantém greve forte
> Fotos: concentrações e agências paradas

“O que motiva [a ampliar a mobilização] é que todo ano eu vejo o caixa e o auxiliar administrativo entrando em greve em nosso nome, só que a gente também recebe o resultado disso. Além disso, eu sei que tenho um poder dentro da instituição, sei que eu apresento um excelente resultado. Então, se eu parar, o banco vai se tocar. E ele precisa se tocar”, explica uma das gerentes.

“A gente está vendo um discurso totalmente hipócrita da instituição. Eles alegam que com a crise não podem dar um reajuste com aumento real, mas por outro lado eles não aliviam para o bancário que precisa bater a meta, independentemente da crise”, critica uma colega, também gerente do banco público.  

“Trabalhamos com um sistema de cobrança por metas chamado Sinergia, mas as metas mudam todos os dias. Se alcanço esse mês, no outro já é o dobro. É aquela cena da cenoura na frente do burro”, acrescenta a trabalhadora.

Outra funcionária denuncia ainda que o BB aproveita-se da greve para, pasmem, aumentar a sua produção.

“O banco utiliza a paralização para vender produtos. Tem gerente que recebe bem a greve, mas coloca gente para trabalhar internamente, como se a agência fosse um telemarketing, e aumentar a produção. Sem ter que atender o cliente, sobra mais tempo para isso. O BB tenta utilizar o nosso movimento contra nós. Quanto maior a produção neste momento, menor nossa força na negociação”, explicou.

Desde que começaram a percorrer agências na segunda-feira 19, o grupo de gerentes conseguiu adesão total em três locais de trabalho, dos seis visitados até o momento, e nos outros foi apoiado pela maioria dos trabalhadores, inclusive comissionados.

“Não é fácil convencer os colegas. O banco trabalha o tempo inteiro com a gestão do medo. Porém, estamos conseguindo. Gerentes, que nunca fizeram greve antes, pararam junto com a gente e falaram, como todos, que estão no limite”, conta uma bancária.

Outros exemplos – Não é o primeiro grupo de gerentes do BB que se empenha em fortalecer a greve. Na quinta-feira 15, outros bancários do BB se reuniram para percorrer unidades do banco e convencer os colegas a ampliar a mobilização. E repetiram a tática na sexta-feira 16.

> “Greve não é só para os caixas”, enfatizam gerentes
> Mais gerentes do Banco do Brasil aderem à greve

Proposta – Para os trabalhadores que buscam ampliar o movimento grevista, a proposta de reajuste que esperam dos bancos tem de ser digna. “Pessoalmente, acho que uma boa proposta de índice seria pelo menos 2% acima da inflação. Com certeza os bancos podem pagar esse reajuste”, opina outra funcionária do BB.


Felipe Rousselet – 21/10/2015
seja socio