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Greve não escolhe perfil de cliente

Linha fina
Itaú BBA, que atende investidores institucionais e empresas com alto faturamento, foi paralisado no décimo dia de mobilização; banco segue desrespeitando direito de greve
Imagem Destaque
São Paulo – A greve dos bancários ganha mais força a cada dia que passa, enquanto a Fenaban se omite de apresentar uma nova proposta para a categoria. São centenas de agências, centros administrativos e tecnológicos parados em todo o Brasil. E a mobilização dos trabalhadores atinge todo tipo de local de trabalho, independente do perfil de cliente atendido. Na quinta-feira 15, décimo dia de greve, foi a vez dos funcionários do Itaú BBA cruzarem os braços. O setor, que atende investidores institucionais e empresas com alto faturamento, está instalado no edifício WTorre, na capital paulista.

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“Eles [os bancos] praticamente só oferecem a metade da reposição da inflação. Se cobrissem as perdas, daria até para analisar melhor a proposta. Do jeito que veio não dá”, afirmou um dos cerca de 2 mil funcionários do Itaú BBA.

“É importante que a greve chegue até aqui. O banco sente quando uma área como essa para”, acrescentou uma colega.  

Além de reajuste digno, que não represente perdas para os salários, os trabalhadores do Itaú também se queixam da dificuldade de ascensão profissional na instituição financeira. “Deveria existir um plano de carreira sério, com critérios claros, e também um apoio para os funcionários estudarem. Uma bolsa que pagasse pelo menos metade do valor da mensalidade de uma faculdade. Todo mundo quer crescer na carreira. Isso seria bom também para o banco”, disse uma bancária.

Desrespeito ao direito de greve – Mesmo proibido por liminar de alterar locais e horários de trabalho dos empregados ou promover outros atos de contingenciamento que firam o direito de greve, com multa diária de R$ 300 mil em caso de descumprimento, o Itaú insiste em continuar deslocando funcionários de locais paralisados para que continuem trabalhando.

Dirigentes flagraram dois exemplos desse desrespeito à lei de greve durante a mobilização no Itaú BBA. Alguns funcionários foram orientados a entrar no edifício WTorre pela portaria 2 e se dirigir até uma prestadora de serviço do banco que disponibilizou parte da sua estrutura para receber os bancários. Já no estacionamento lateral do prédio, vans foram posicionadas para transportar trabalhadores do Itaú BBA para outros locais de trabalho.

“Isso [o contingenciamento] é uma prática antissindical. É antidemocrática e impede que os trabalhadores, por livre e espontânea vontade, possam aderir ao movimento grevista. E também é antidemocrática no sentido de que vai contra a decisão tirada em assembleia que deflagrou a greve. É ilegal em diversos sentidos e pode ser considerada assédio coletivo”, afirma Fábio Bon, advogado do escritório Crivelli, que representa o Sindicato.

“Essa postura também acaba incidindo no conceito de negociação. Ao invés de resolver na mesa de negociação, o banco tenta contornar o que seria um diálogo com a categoria e força os trabalhadores a uma situação indesejável para todos”, acrescenta.

CA Brigadeiro, CAT e Contax - A prática antissindical do Itaú não se resume ao BBA. O Sindicato registrou pelo menos outros três episódios. No CAT, bancários foram fotografados dormindo no chão ou em sofás, no meio da madrugada. No CA Brigadeiro, trabalhadores foram flagrados em vídeo tendo de entrar ainda antes de o sol nascer.

Houve, ainda, contingenciamento forçado utilizando o prédio da Contax, empresa terceirizada que presta serviços para o banco. Os bancários receberam crachás de funcionários provisórios para entrar no local.

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Felipe Rousselet – 15/10/2015
 
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