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Juros do cheque especial são os maiores em 20 anos

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Segundo Procon, média alcançou 12,28% ao mês; bancos no Brasil praticam taxas que estão entre as mais altas do mundo, dificultando acesso ao crédito e endividando população
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São Paulo – Levantamento feito pela Fundação Procon mostra que juros do cheque especial atingiram em outubro média de 12,28% ao mês, a maior desde setembro de 1995. No mês anterior, a média estava em 11,9% a.m.

O Procon analisou as taxas desse tipo de empréstimo em sete instituições financeiras: Banco do Brasil, Caixa Federal, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Safra. Desses, cinco aumentaram os juros. A maior alta foi na Caixa, que alterou de 10,35% a.m. para 11,38% a.m., crescimento de 9,95%. Em seguida no Santander, que registrou variação positiva de 4,21% em relação ao mês anterior. Depois Banco do Brasil, variação de 3,69%; Itaú, variação de 2,58%; e Bradesco, com variação de 2,41%.

O setor financeiro no Brasil pratica taxas de juros que estão entre as mais altas do mundo. Uma simples conta mostra como, no país, os bancos ganham muito com empréstimos, mas remuneram muito pouco em aplicações: se um cliente ficasse devendo R$ 100 por 12 meses no cheque especial, ao final desse período a dívida já teria alcançado R$ 401,45. Por outro lado, se o mesmo cliente aplicasse R$ 100 na poupança, em um ano esse dinheiro chegaria a só R$ 107,86.

“Os bancos têm lucros bilionários, e devem isso em boa parte às tarifas e aos juros exorbitantes cobrados dos clientes. Isso dificulta o acesso da população ao crédito, que ajudaria a impulsionar o consumo e o crescimento da economia. É mais uma demonstração de que eles devem muito à sociedade”, diz a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva.

“Os bancários estão em greve contra proposta rebaixada da Fenaban [federação dos bancos], fruto da ganância dos banqueiros que lucram R$ 36,3 bi apenas no primeiro semestre [soma dos resultados do BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander], mas oferecem perdas de 4% para salários, PLR e vales aos trabalhadores. E nada para questões fundamentais para categoria como manutenção dos empregos”, acrescenta a dirigente, lembrando que as mesmas cinco instituições financeiras fecharam 7.107 postos de trabalho nos primeiros seis meses deste ano. “Isso tem tudo a ver com a população também.”

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Redação – 8/10/2015
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