Rede Brasil Atual, com edição da Redação
6/10/2016
São Paulo – O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu na quarta 5 o português António Guterres como novo secretário-geral. Ele vai suceder o sul-coreano Ban Ki-moon, que está à frente da entidade desde 2007. Ex-primeiro ministro de seu país pelo Partido Socialista, Guterres inicia seu mandato de dez anos a partir de 1º de janeiro de 2017. Será a primeira vez em 36 anos que um europeu ocupará o cargo.
O Conselho de Segurança formaliza na quinta 6 o nome do português, conforme comunicado da Rússia, que preside o órgão no momento. Participaram da escolha os 15 países membros do conselho, sendo que dez são rotativos e cinco permanentes: Rússia, Estados Unidos, China, Reino Unido e França. Essa distinção é importante, pois apenas estes países poderiam vetar a nomeação de Guterres.
A escolha vem de um longo processo de avaliação. Em julho, o nome de Guterres já havia sido aprovado de forma extraoficial pelo conselho. Na ocasião, os 12 candidatos ao cargo foram analisados e cada um dos 15 países votaram entre as seguintes opções: “encorajar”; “desencorajar”; “não opinar”. O português então recebeu 12 votos em seu favor e três abstenções.
Concorreram o ex-presidente da Eslovênia Danilo Turk, a ministra das Relações Exteriores da Bulgária e diretora geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, Irina Bokova Bokova, a chanceler da Argentina, Susana Malcorra, a diplomata costa-riquenha Christiana Figueres, a ex-ministra das Relações Exteriores da Moldávia Natalia Gherman, o ministro das Relações Exteriores de Montenegro, Igor Luksic, a ex-chanceler da Croácia Vesna Pusic, a ex-premiê da Nova Zelândia Helen Clark, o ex-chanceler da Macedônia e ex-presidente da Assembleia Geral da ONU Srgjian Kerim, o ex-ministro das Relações Exteriores da Sérvia Vuk Jeremic e o chanceler da Eslováquia, Miroslav Lajcak.
Ao informar a escolha de Guterres para o cargo, a Rússia ressaltou a importância da rotatividade continental das nacionalidades dos secretários-gerais. Desde 31 de dezembro de 1981 um europeu não ocupa o assento máximo das Nações Unidas, quando o austríaco Kurt Waldheim deixou a ONU. Desde então, passaram pelo cargo um peruano, um egípcio, um ganense e um sul-coreano.
Guterres iniciou sua carreira política em 1973, quando aderiu ao Partido Socialista. Foi deputado na Assembleia da República em 1976, onde atuou ate a década de 1990. O português presidiu a Internacional Socialista entre 1995 e 2000, e foi primeiro ministro de Portugal entre 1995 e 2002. Em 2005, foi nomeado para o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que exerceu por dez anos.
Lusofonia - Para Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, a vitória do compatriota, ex-primeiro ministro do país, reflete uma “conquista da lusofonia”.
“Para o mundo da lusofonia este foi o momento de grande convergência porque o engenheiro Guterres conhece todos estes países, todas as comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo. Esteve em todas elas e contatou seus responsáveis, e também com seus povos ao longo de décadas”, disse, em entrevista para a Rádio ONU.
“Minha reação é de louvor. Guterres pertence à minha geração e foi o melhor de todos nós na sua inteligência, no seu brilho, na sua humildade, na sua capacidade de serviço, no seu sentido social, na sua abertura à humanidade e essas qualidades e a forma como desempenhou brilhantemente o Alto Comissário para os Refugiados explicam esta aclamação”, disse.
“É uma oportunidade para as Nações Unidas reverem, se repensarem, para refletirem sobre a sua história e seu futuro e sobre os desafios dificílimos que o próprio Guterres já enunciou nas primeiras palavras ditas hoje (…) É um dia muito feliz para Portugal, mas espero que seja sobretudo o começo de uma caminhada que culminará na votação da Assembleia Geral, uma caminhada de grande esperança para a comunidade internacional”, completa o presidente.
Linha fina
António Guterres é ex-primeiro ministro do país europeu e substitui o sul-coreano Ban Ki-moon no cargo máximo das Nações Unidas a partir de janeiro; para presidente de Portugal, é 'conquista da lusofonia'
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