São Paulo -“Ou a gente defende a Caixa Econômica Federal como empresa pública importante para a sociedade brasileira ou a gente estará fadado à derrota. Queremos os empregados e a sociedade nessa luta contra a proposta do governo de transformar o banco em S/A e abrir o seu capital”. Foi com essas palavras que o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, lançou a campanha Defenda a Caixa Você Também, na terça 3, no Rio de Janeiro.
O lançamento integrou o Ato em Defesa da Soberania Nacional, organizado pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresa Públicas, que envolveu diversas categorias no centro da cidade.
A intenção da campanha, segundo matéria da Fenae, é mostrar como o banco público fedeal é essencial em áreas como habitação, saneamento, infraestrutura, educação, esporte, cultura, agricultura, gestão do FGTS. Um dos principais objetivos é envolver a sociedade brasileira no debate, como observa Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) . “É assim, também com o apoio dos trabalhadores do banco, é que faremos a resistência. Essa campanha se junta a outras já em curso, em defesa das empresas e dos serviços públicos. A importância da Caixa, do Banco do Brasil e de outros bancos públicos já ficou clara em momentos de crise”.
O pontapé ocorreu em frente ao prédio do banco da Almirante Barroso, conhecido como “Barrosão”, palco de inúmeras mobilizações dos empregados. “Só a luta nos garante. Esse governo é entreguista. E nós somos a resistência”, destacou o presidente da Contraf, Roberto Von der Osten. “Esse ataque à Caixa e a outras empresas públicas se deve justamente à importância delas. É isso que incomoda a elite desse país. Na década de 90, resistimos contra a privatização da Caixa. Mais uma vez, vamos resistir e lutar”, frisou o vice-presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.
Defenda a Caixa! - Somente no primeiro semestre de 2017, a carteira imobiliária da Caixa totalizou R$ 421,4 bilhões, com o banco ganhando 1,3 ponto percentual de participação no mercado imobiliário, mantendo a liderança com 68,1%. Já as operações de saneamento e infraestrutura cresceram 5,3% no período, com a carteira atingindo os R$ 79,9 bilhões.
Entre janeiro e junho, foram pagos cerca de 78,5 milhões de benefícios sociais, num total de R$ 14,2 bilhões, sendo R$ 13,7 bilhões referentes ao Bolsa Família. Em relação aos programas voltados ao trabalhador, a Caixa realizou 196 milhões de pagamentos, que totalizaram R$ 176,6 bilhões. Também foram realizados 33,7 milhões de pagamentos de aposentadorias e pensões aos beneficiários do INSS, correspondendo a R$ 40,7 bilhões. Ao final de junho, o banco possuía 84,1 milhões de correntistas e poupadores.
Ataques - Durante o ato no Rio, uma certeza: os ataques do governo federal ao patrimônio público não têm paralelo na história brasileira, nem mesmo durante a ditadura militar. “A Caixa não está na lista de privatizações do Planalto, mas as operações estão. O primeiro passo é privatizar a Lotex. As áreas de seguro e cartões são as próximas da lista. Ou a gente se movimenta ou vão acabar com a maior fomentadora de políticas públicas do país”, advertiu Rita Serrano, coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa.
Ao destacar a importância da Caixa na vida dos brasileiros, sobretudo dos mais carentes, Juvandia Moreira, ex-presidenta do Sindicato e hoje na CUT, lembrou: “sem a Caixa e os bancos públicos, o crédito imobiliário e o apoio à agricultura familiar, por exemplo, ficarão mais caros. Ou seja, a população é que mais vai perder”. Carlos Alberto Lima, Caco, diretor de Esportes da Fenae, completou: “uma abertura de capital da Caixa só visa encher o bolso de uma minoria de ladrões. Temos que nos levantar. Não podemos nos calar frente a tantos ataques”.
A iniciativa é da Fenae, realizada em parceria com o Sindicato, as centrais sindicais CUT, CTB, Intersindical e Conlutas, além das Apcefs, Contraf-CUT, e demais representações da categoria, contando com apoio de trabalhadores e representantes de entidades de vários segmentos do país.