São Paulo – Uma tenda da prefeitura de São Paulo e um contêiner mantido pelo governo estadual que funcionavam como espaços de atendimento aos usuários da Cracolândia foram fechados. O Atende 2, que prestava serviço de atendimento diário emergencial – higiene, refeição e alojamentos – na Rua Helvétia, foi inaugurado logo após a megaoperação policial realizada há cinco meses, quando o prefeito João Doria (PSDB) chegou a comemorar o fim da Cracolândia. Agora fechado, a prefeitura promete a sua reabertura, na próxima quarta-feira (18) em novo espaço, a 500 metros do local anterior.
O Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (Caps), também funcionava num contêiner em um terreno agora desocupado. O governo do estado, segundo reportagem do Seu Jornal, da TVT, justificou o seu fechamento devido a queda no número de atendimentos.
Em nota, a prefeitura afirma que por conta da Parceria Público Privada (PPP), que visa a "revitalizar" a região, equipamentos foram realocados para ruas próximas, e não fechados. Por meio da assessoria, a administração informa que o Caps AD "funciona integralmente na Rua Helvétia - em frente ao local anterior, sem prejuízo dos atendimentos", e que o Atende 2 e será instalado em em novo endereço. Informa ainda que outras duas unidades (Atende 1 e 3) continuam funcionando normalmente nas ruas dos Gusmões e Marechal Rondon.
Lumena Furtado, do Instituto Silvia Lane, que atua na região da Cracolândia, diz que em substituição a uma política pública que contava com diretrizes sólidas, parâmetros de avaliação e reconhecimento internacional – o programa De Braço Abertos – "foi colocado no lugar uma coisa errática".
"A preocupação maior que a gente tem é que são pessoas que estão demandando cuidados, políticas públicas, e não ações erráticas feitas ao sabor do vento e ao calor do tempo", declarou Lumena à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal.
Segundo o integrante do movimento A Craco Resiste Rafael Escobar, as estruturas em que funcionavam os serviços – tendas e contêiner – já apontavam para ações emergenciais, e não estruturais. "É só uma ação midiática para tentar mostrar que está fazendo alguma coisa", afirmou.