A notícia de uma demissão no Santander escancarou, mais uma vez, toda a falta de sensibilidade e perversidade na gestão do banco espanhol. Um bancário, da cidade de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, foi demitido por não atingir metas durante o período em que sua mãe estava internada, em estado de coma. Mesmo diante do drama familiar, o bancário não faltou ao trabalho um dia sequer.
A demissão do bancário gerou protestos por parte do Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e Região na terça 22. A entidade já prepara ação judicial para pedir a reintegração do trabalhador.
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“Uma atitude desumana como essa sempre nos choca e revolta. Porém, se tratando da gestão do Santander, não podemos dizer que nos surpreende. O histórico do banco nos mostra que a sua gestão se importa mais com o lucro do que com a saúde e a vida dos seus funcionários, que são os responsáveis diretos por seus ótimos resultados no Brasil”, enfatiza a diretora do Sindicato e funcionária do Santander, Lucimara Malaquias.
O Santander obtém no Brasil a maior fatia do seu lucro global. Em 2018, o banco espanhol lucrou R$ 12,398 bilhões, crescimento de 24,6% em doze meses.
“São recorrentes as demissões de trabalhadores que retornam de licença médica, mesmo ainda em tratamento. Também é prática do banco a demissão de trabalhadores com 20, 30 anos de banco, próximos da estabilidade pré-aposentadoria. O banco cobra que o bancário se qualifique, obtenha certificações, se recicle. Todo o custo disso fica com o trabalhador. E quando finalmente esse esforço dá resultado e ele sobe na carreira, é demitido justamente por seu salário ser alto”, denuncia Lucimara.
Gestante humilhada
Outro caso chocante que mostra o desrespeito e a total falta de sensibilidade nas relações de trabalho no Santander é o de uma bancária gestante que ouviu da sua gerente que estava “assinando um contrato de burrice”, pois a gravidez iria prejudicar sua ascensão profissional, e que ela “não tinha estrutura para gerar um filho”. De acordo com o relato de uma testemunha, a bancária saiu da reunião chorando.
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A bancária, que trabalhava numa agência do Santander em Varginha (MG), pediu demissão em 2012 e em 2013 decidiu ajuizar reclamação trabalhista com pedido de indenização.
O juízo da Vara de Varginha considerou que a conduta da gerente havia causado à bancária “vexame, dor e constrangimento em razão da gravidez”. A reparação foi fixada em R$ 10 mil, mas o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 3ª Região (MG) aumentou o valor para R$ 15 mil. Após recurso no TST, ficou demonstrado que o abalo psicológico decorreu da atitude da empresa, por meio de sua superior hierárquica, e aumentou a indenização para R$ 30 mil.
Condenação
Em setembro deste ano, o Santander foi condenado a pagar indenização de R$ 274 milhões por dano moral coletivo por submeter os bancários a metas abusivas, o que aumentou o índice de adoecimento mental ocupacional. Em outra ação, o Santander foi condenado a pagar uma multa de R$ 1 milhão por prática de assédio moral. As duas sentenças foram dadas pelo juiz do Trabalho, Gustavo Carvalho Chehab, da 3ª Vara do Trabalho de Brasília.
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“Essas condenações do Santander na Justiça são muito importantes por significarem o reconhecimento por parte da Justiça de que a gestão do banco, ao priorizar somente o lucro, prejudica a saúde física e mental dos seus funcionários através de práticas abusivas e assediadoras. Dentro da própria lógica de produtividade do Santander, esse tipo de prática é equivocada e contraproducente, uma vez que afasta e adoece trabalhadores, atingindo psicologicamente também o restante da equipe, além de ferir o próprio código de ética do banco”, enfatiza Lucimara.
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“Como Sindicato, entidade representativa dos bancários do Santander, nossa luta é por uma gestão mais humana, pelo fim das práticas abusivas que levam aos altos índices de adoecimento registrados na categoria. Para isso, é de fundamental importância que os bancários denunciem qualquer situação que julguem abusiva como, por exemplo, demissões arbitrárias, assédio moral e sexual, metas abusivas, condições de trabalho inadequadas. O sigilo é garantido”, conclui a diretora do Sindicato.
Denuncie
O Sindicato possui um canal de denúncia contra assédio moral (CLIQUE AQUI). As denúncias também podem ser feitas diretamente a um dirigente, pela Central de Atendimento (11 4949-5998) ou pelo WhatsApp (11 97593-7749). O sigilo é absoluto.