“O papel da Central Única dos Trabalhadores é ir além das questões salariais, é lutar por uma sociedade socialista e justa, onde o trabalhador não seja explorado pelo capitalismo, é lutar para que o Brasil esteja no mundo por direito e não para ser colônia do imperialismo europeu e norte americano”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, na análise de conjuntura que fez no segundo dia do 13º Congresso Nacional da CUT “Lula Livre” – Sindicatos Fortes, Direitos, Soberania e Democracia (Concut).
Para Vagner, este cenário só será possível com Lula livre, a democracia resgatada e com ela, a justiça e o tratamento igualitário de milhões de homens e mulheres, negros e brancos de todo o país.
“Lula Livre significa um sindicalismo forte e são vocês, os sindicatos da CUT, a célula mais importante da Central, que podem nos ajudar a cumprir este papel. É por isso que defendemos a valorização do dirigente sindical, a valorização do trabalho de base”, disse o presidente da CUT ao lembrar que deixará o cargo na próxima quinta- feira 10, após dois mandatos. Neste dia, será escolhida a nova direção executiva da CUT para o período de 2019 a 2023.
Em sua análise de conjuntura, Vagner fez um breve histórico da Central, criada para lutar contra a ditadura militar e pela defesa da democracia e direitos da classe trabalhadora, falou das grandes greves organizadas e apoiadas pela CUT, como a greve geral de abril 2017 que paralisou o país contra as reformas da Previdência, Trabalhista e legalização da terceirização propostas pelo ilegítimo Michel Temer. Lembrou ainda da luta pela valorização dos salários e ressaltou como as eleições dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, que chegaram ao poder com o apoio da CUT e da classe trabalhadora, contribuíram para avanços na área trabalhista.
“Somos uma Central muito jovem, com 36 anos, que já conseguiu eleger um presidente da República oriundo desta Central, que construiu uma resistência da organização operária, e a burguesia brasileira sabe que o maior instrumento de luta da classe trabalhadora é a CUT e, por isso que tentam nos destruir. Eles sabem que nós somos a pedra em seus sapatos”, complementou Vagner ao falar sobre os desafios dos sindicalistas para os próximos quatro anos.
E essa resistência e organização, prosseguiu Vagner, faz este governo de extrema-direita atacar o movimento sindical, tentar criminalizar a atuação dos sindicalistas e até sufocar financeiramente as entidades.
“A luta, apesar de difícil é possível. E o respeito da classe trabalhadora e o medo da burguesia pela nossa capacidade de realizar coisas faz Jair Bolsonaro [PSL] ir lá no Japão dizer que tem de acabar com o imposto sindical. É por isso, que o secretário do Trabalho, do ministério da Economia, Rogério Marinho, diz também lá na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro [Firjan] que precisa acabar com o imposto sindical”, criticou.
Reforma Sindical
Vagner Freitas criticou a reforma sindical que o governo está anunciando dizendo que está sendo feita com base em uma decisão no estatuto da CUT.
“Parte do governo, [Paulo] Guedes [ministro da Economia], e Rogério Marinho [secretário do Trabalho] está dizendo pelos 4 cantos do país que as propostas que o governo está fazendo de alteração no modelo sindical são baseadas no estatuto da CUT. Não é verdade. A CUT não propôs e nunca vai propor sindicato por empresa e a demissão e perseguição a dirigentes. A CUT nunca vai propor que dirigente sindical não tenha condição de fazer seu trabalho.”
CUT é signatária da OIT
A CUT não faz nenhuma proposta no Congresso. Estamos defendo o sindicalismo brasileiro porque este governo quer acabar com o movimento sindical, afirmou Vagner.
De acordo com ele, a CUT quer discutir que comissões sejam criadas e que seja respeitada a existência dos sindicatos, que os acordos coletivos e a estabilidade do dirigentes sindical sejam respeitados. “Que fique claro: queremos incentivar a negociação coletiva, e liberdade e autonomia sindical. Não estamos discutindo conceito de pluralidade”.
“Vamos, sim, buscar e debater junto ao Congresso para que não passe uma lei que acaba com os sindicatos. Acabar com os sindicatos é acabar com os trabalhadores, seus direitos e existência – é neste sentido que fazemos esse congresso.”
De acordo com Vagner, apesar do cenário nacional adverso, a CUT e seus sindicatos chegam ao 13º ConCUT respeitada e fortalecida como um movimento sindical que continua sendo parâmetro para o mundo . “Nosso modelo é respeitado no mundo inteiro”.
“Mas é preciso avançar, a CUT atingiu o ápice em sua forma, mas precisa se modernizar para representar uma outra classe trabalhadora, de um outro capitalismo que surgiu”, disse o dirigente, lembrando que a Central precisa discutir um sindicato apropriado para representar os trabalhadores e trabalhadoras que hoje enfrentam um mercado diferente, com leis diferentes, diversos modelos de contrato de trabalho que levam à precarização”, explicou.