De janeiro de 2017 a setembro deste ano, a prefeitura de São Paulo extinguiu 163 linhas de ônibus. Os cortes foram feitos no governo do ex-prefeito e atual governador do estado, João Doria, e seu sucessor, o atual prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB. As alterações foram feitas antes mesmo de ser efetivada a nova licitação do transporte coletivo da capital paulista, que prevê a extinção de mais 190 linhas. Os membros do Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT) cobraram do Executivo municipal uma adequada divulgação prévia sobre as alterações, além de diálogo com a população afetada pelas mudanças.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
“O principal problema é que a prefeitura não informa corretamente como e quando isso (cortes de linhas) vai acontecer. E, quando dialoga, é de forma pontual, em bairros específicos, ignorando todo o impacto que a mudança acarreta em todo o trajeto que era atendido por determinada linha. Queremos que a prefeitura estabeleça um cronograma de mudanças e de audiências públicas com a população afetada pelas mudanças que ainda vão ocorrer”, explicou o conselheiro do CMTT Rafael Calabria, especialista em mobilidade urbana do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Exemplo recente dessa situação é a extinção da linha de ônibus 647C Terminal João Dias – Hospital das Clínicas, na região sudoeste da cidade, em 12 de outubro. A São Paulo Transporte (SPTrans) apresentou alternativas para quem precisa ir para a região do Parque do Ibirapuera. Ou para quem precisar ir ao Hospital das Clínicas. Mas a linha era uma das únicas que percorria toda a Avenida Brasil. Quem trabalha na região, por exemplo, vai precisar fazer mais baldeações para chegar ao local e descer em vias transversais.
Outras linhas de ônibus extintas recentemente foram a 7600 Shopping Morumbi – Metrô Armênia, também na região sudoeste; a linha 2032 Jardim Brasil – Metrô Carandiru, na zona norte; e a 576J Metrô Jabaquara – Santo Amaro, na zona sul. Na zona leste, a linha 3009 Itaim Paulista – São Miguel foi reduzida, passando a ir apenas até a estação Itaim Paulista da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Desde 2017, também foram realizadas 1.229 alterações de linhas de ônibus, que incluem desde novo horário de operação, até mudanças de ponto final ou de percurso. Outras 64 linhas foram criadas e 12 tiveram redução de trajeto. Das 163 linhas extintas, 90 foram em 2017, 35 em 2018 e 39 até 30 setembro deste ano.
Essas mudanças não fazem parte das alterações que passam a vigorar a partir da nova licitação do transporte. Estas serão iniciadas no segundo semestre de 2020. Estão previstas a extinção ou unificação de 190 linhas de ônibus, o corte de outras 253 e a criação de 51 novas linhas. Outras 753 linhas diurnas não serão alteradas, assim como as 150 noturnas. A partir daquela data, a rede de transporte chegará a um total 1.207 linhas. Atualmente, são 1.320.