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Chapéu
Pandemia Não Acabou

Covid-19: Sindicato defende manter uso de máscaras nos locais de trabalho

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Imagem de uma mulher, no local de trabalho, de máscara

Na quinta-feira 17, o governador de São Paulo, João Dória, anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados, com exceção do transporte público, seus locais de acesso; e serviços de saúde. Considerando que a pandemia de Covid-19 não acabou e apesar do decreto de liberação editado pelo governo estadual, criticado por especialistas, o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região defende e recomenda o uso de máscaras, em agências e departamentos bancários, para bancários, terceirizados e clientes. 

De acordo com a Dra. Maria Maeno, médica e pesquisadora em Saúde do Trabalhador da Fundacentro e doutora pela Faculdade de Saúde Pública da USP, manter o uso das máscaras é um ato de proteção individual e também coletiva.

“Embora a máscara seja tratada geralmente como dispositivo de proteção pessoal, na verdade ela é uma proteção para a pessoa que usa e para as pessoas com as quais ela tem contato. Existe um fato positivo no Brasil. Felizmente, o número de internações e mortes por Covid-19 tem caído. Por outro lado, o número de infectados continua muito alto, pois a variante predominante é extremamente transmissível, mas os quadros clínicos são mais leves em adultos vacinados. No entanto, não podemos esquecer que essas pessoas que têm quadros clínicos leves tem contato com quem não tem o esquema vacinal completo, incluída a terceira dose. Vamos lembrar que apenas 33% tem dose de reforço. Além disso, existem os que não se vacinaram, por recomendação médica, ou que estão fora da faixa elegível para vacinação, como é o caso de crianças com menos de 5 anos, ou ainda populações mais vulneráveis como idosos, pessoas com comorbidades, grávidas e puérperas”, explica. 

Para a pesquisadora em saúde do trabalhador, é necessário que os bancos mantenham a obrigatoriedade do uso de máscaras para bancários, clientes e terceirizados. 

“Pesquisas tem mostrado também efeitos tardios da Covid-19. Mesmo pessoas que tiveram poucos sintomas, podem ter efeitos tardios ou sequelas com impactos importantes para a vida. Devemos usar máscaras, portanto, tanto para a nossa proteção individual, quanto para a proteção das pessoas com quem temos contato. Pessoas idosas, grávidas e puérperas, crianças até 5 anos, pessoas com doenças crônicas, e os não vacinados. As agências e departamentos dos bancos são ambientes fechados e devem ter seus sistemas de ventilação revistos, garantindo que haja a renovação do ar. Como são ambientes que concentram várias pessoas, o uso das máscaras mais protetoras, como é o caso da PFF2 ou N95, deve ser mantido. Os bancos devem fornecer essas máscaras em número suficiente para os seus empregados e terceirizados. Como eu disse, o uso das máscaras é um ato de proteção pessoal e, ao mesmo tempo, coletiva. Assim, sem dúvida, o senso de responsabilidade deve fazer com que os bancos mantenham a obrigatoriedade do uso das máscaras para bancários, clientes e terceirizados”, avalia a Dra. Maria Maeno. 

Em 10 de março, com os primeiros decretos em relação ao fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, o Comitê Extraordinário de Monitoramento COVID-19 da Associação Médica Brasileira, divulgou comunicado alertando para os ricos da medida. "Uma flexibilização indiscriminada pode ampliar os riscos à população, ainda mais à parcela não vacinada ou com esquema incompleto e principalmente os imunocomprometidos”, enfatiza o documento. 

Cientistas criticam decisão de João Dória

Nas redes sociais, logo após o governador de São Paulo anunciar o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, especialista expuseram sua contrariedade com a medida. 

“Remoção da obrigatoriedade de máscaras em lugares fechados em São Paulo é apenas uma manobra política, uma tentativa de remover o símbolo mais visível da existência de uma pandemia e com isso tentar auferir dividendos para uma campanha natimorta. O resultado será medido em mais infectados, mais pessoas hospitalizadas e mais mortes, além de mais pacientes com complicações crônicas da Covid-19. No momento em que a Ásia vê a explosão de uma nova variante, o governo de São Paulo tenta terminar a pandemia por decreto. Infelizmente, isso não funciona. Quando a política bate de frente com a biologia ela perde sempre de goleada. Não vai ser diferente em São Paulo ou no Brasil como um todo. Vejam o que ocorre no Reino Unido neste momento, depois da mesma decisão absurda”, alertou em seu perfil no Twitter o médico e cientista Miguel Nicolelis. 

“Nova onda europeia, provocada pela variante BA.2, já está causando aumento de hospitalizações no Reino Unido, Hong Kong e Coréia também. Enquanto isso, aqui, políticos removem obrigatoriedade de máscaras. Como eles acham que vão conseguir voltar atrás se tivermos uma nova onda?”, questionou Nicolelis. 

Outra voz crítica em relação ao fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados é a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutora em epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins, Ethel Maciel. “A gente precisa explicar que o vírus não lê decreto. Portanto, ainda que os governos retiraram as restrições, a pandemia continua, os vulneráveis (idosos, pessoas com doenças imunossupressoras) seguem precisando se proteger e  a máscara permanece uma medida efetiva de prevenção”, destacou no Twitter.

Sindicato defende a manutenção do uso de máscaras em agências e departamentos

O Sindicato - visando a proteção da saúde de bancários, terceirizados e clientes - defende que o uso de máscaras seja mantido em agências e departamentos. 

“Não foi esclarecido o respaldo técnico por parte do governo. Vejo essa decisão mais como política do que científica. Também é importante frisar que não temos total transparência quanto ao controle epidêmico da pandemia. A testagem da população é insuficiente. Os governos, sejam estaduais ou o federal, não podem determinar o fim da pandemia. Isso cabe a Organização Mundial da Saúde. Muitos países são deficitários em vacinação e, mesmo entre os que possuem níveis mais elevados de cobertura vacinal, diversos enfrentam novas ondas, como é o caso de países asiáticos e europeus. Neste cenário, cabe lembrar que o Brasil não possui barreiras sanitárias adequadas para evitar a entrada de possíveis novas cepas. A Covid-19 traz riscos de sequelas, mesmo para pessoas que tiveram sintomas leves. Com essa flexibilização, mesmo com a vacinação, uma nova contaminação no caso destas pessoas pode trazer consequências ainda maiores para a saúde”, diz o o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Carlos Damarindo.

“Agência são locais fechados, com pouca ventilação e por onde circulam um grande número de pessoas todos os dias. Os departamentos também são locais com enorme concentração de pessoas. Nossa reivindicação é a manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras em agências e departamentos, tanto para bancários e terceirizados quanto para os clientes. A pandemia não acabou e não vai acabar por decreto. Mesmo que os bancos retirem a obrigatoriedade do uso de máscaras, nossa recomendação é que os trabalhadores sigam utilizando máscaras, mantendo o distanciamento social, utilizando álcool gel e evitando aglomerações. Nossa prioridade continua sendo a vida dos bancários e daqueles que o cercam”, conclui Damarindo.

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