
‘A realidade dos bancários hoje é muito triste. A categoria vive uma epidemia de saúde mental considerada uma das mais graves até os dias de hoje. Resultado das metas abusivas, das ameaças de demissão ou perda de emprego, e da gestão de terror promovido pelos bancos’.
Com essas palavras a Secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Valeska Pincovai, iniciou sua fala durante o 103° Encontro do Fórum Acidente de Trabalho realizado pela USP, nesta manhã de segunda, 26 de maio.
Valeska ainda falou que embora haja muitos problemas, há uma vontade por parte dos jovens de ingressar carreira nas instituições financeiras e que os bancos vendem um ambiente de trabalho que não existe.
“A realidade de quem trabalha no banco e muito diferente do que se vende nos comerciais de TV. Hoje os bancos cobram metas abusivas porque disputam mercado com as Fintechs, fecham agências em todo o país e os grandes bancos querem ter poucos funcionários e grandes lucros como as Fintechs. Sem contar que há ainda a Inteligência Artificial que chega dominando tudo. O bancário hoje trabalha estressado porque tem que dar lucro para o banco, sofre com a terceirização e ainda com a ameaça de perda de emprego por conta do avanço da tecnologia”, destaca.
A Secretária de Saúde ainda relembrou que até hoje as notificações registradas no INSS, 53% de todos os afastamentos de bancários, em 2024, se devem a transtornos mentais.
"Em São Paulo ano passado, o Sindicato registrou mais de 2 mil atendimentos de trabalhadores afastados sendo que sua maioria era de pessoas com transtornos mentais. Por isso, precisamos buscar uma solução conjunta entre sindicatos, empregadores e o Estado, pelo bem dos nossos trabalhadores", afirma.

A médica e pesquisadora Maria Maeno, da Fundacentro de São Paulo também participou do Fórum e destacou que a grande mídia não divulga os dados de acidentes de trabalho e nem de afastamentos por transtornos mentais da forma correto e isso é um dos grandes problemas que dificultam a ampliação de debates sobre o tema.
“Não entendo porque os dados não são demonstrados de forma clara. Quanto mais divulgam informações, mais os trabalhadores se informam e buscam por ajuda e quanto mais as empresas são notificadas, mais elas são tributadas”, diz a médica que enfatiza como mecanismo que ajudam a ocultar as notificações como a autodeclaração pelas empresas e no E-social, poucas emissão de CAT.
O evento que teve coordenação da professora Andreia Garbin, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP-USP, também contou com a participação da psicóloga e docente Cláudia Osório, da Universidade Federal Fluminense (UFF), no auditório Paula Souza, no Campus da USP.
