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Bancários denunciam uso eleitoral da Caixa

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Dirigentes do Sindicato dos Bancários em frente a uma agência da Caixa

O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região realizou protestos, nos dias 25 e 26 de outubro, para denunciar os fortes indícios de uso eleitoral do banco público pelo governo Bolsonaro. 

Os atos - realizados em diversas agências de todas as regiões da capital paulista e em Osasco - criticaram a forma como o governo Bolsonaro implementou, à toque de caixa, o empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil. 

"Para liberar o empréstimo no período eleitoral, tudo foi feito às pressas. O resultado da falta de gestão e planejamento não poderia ser outro que não longas filas e bancários sobrecarregados. Nem mesmo as metas para venda de outros produtos foram revisadas com a entrada de uma nova demanda dessa magnitude"

Tamara Siqueira, dirigente do Sindicato e empregada da Caixa
Longas filas e empregados sobrecarregados são consequências da pressa para liberar o consignado ainda no período eleitoral (Foto: Seeb-SP)

A operação do crédito consignado no Auxílio Brasil se soma a outras ações da direção da Caixa, sob ordens do governo Bolsonaro, com fortes indício de finalidade meramente eleitoral. São exemplos as viagens do ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, que deixou o cargo após denúncias de assédio sexual contra funcionárias do banxo; e o uso do lançamento do programa Caixa Pra Elas pela atual presidenta, Daniella Marques, para promover politicamente Jair Bolsonaro.

"Se por um lado Bolsonaro transforma a Caixa em ferramenta de campanha, por outro desmonta o banco público. Foi vendida a Caixa Seguridade, umas das áreas mais lucrativas, e os próprios empregados foram pressionados a vender ações. O governo também não contrata empregados em número suficiente para atender a população. São claras ainda as intenções privatistas de Guedes e Bolsonaro em relação aos bancos públicos. Não podemos aceitar que a Caixa seja utilizada como ferramenta de campanha e depois privatizada para cobrir o rombo desta operação. Os empregados da Caixa e o povo brasileiro não merecem ver um banco da importância da Caixa ser usado desta forma"

Ivone Silva, presidenta do Sindicato

Consignado no Auxílio Brasil é uma bomba relógio

Durante os protestos nas agências da Caixa, os dirigentes do Sindicato também alertaram a populaç`ão para os riscos do consignado no Auxílio Brasil. 

O consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil está sendo oferecido apenas pela Caixa e por mais 11 bancos e financeiras. Os outros quatro grandes bancos brasileiros não aderiram ao programa por conta dos riscos envolvidos na operação e devido ao que chamam de "risco reputacional", expressão elegante para evitar dizer que não pretendem dar margem para acusações de exploração da população mais vulnerável.

E essa preocupação é totalmente justificável. A taxa de juros é de 3,45% mensais, próximo do limite de 3,5% fixado pelo governo. Nessas condições, a taxa de juros anual chega a 50%, acima da cobrada em outras modalidades de consignado. 

Caso o valor do auxílio seja reduzido ou o beneficiário saia do programa social, por qualquer razão, ele terá de arcar com o valor integral do empréstimo. 

"Talvez, a ideia de pegar um empréstimo pode parecer uma boa solução momentânea, para desafogar. Mas as chances de se tornar uma dívida impagável, verdadeira bola de neve, são enormes", avalia o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

"Em um cenário no qual 79% das famílias brasileiras estão endividadas, ofertar para a população mais vulnerável um empréstimo consignado com essa taxa de juros, lastreado por um auxílio temporário, é uma bomba relógio. O que a população precisa é a volta do pleno emprego, valorização do salário mínimo, políticas eficazes de distribuição de renda, retomada dos investimentos em saúde, educação e moradia. Não de uma armadilha financeira que tem por objetivo reeleger o atual presidente, responsável por uma crise social e econômica sem precedentes", conclui a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro. 

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