O prazo dado pelo Ministério de Minas e Energia para que a Enel religasse totalmente a energia em São Paulo terminou nesta quinta-feira 17. Seis dias após o temporal, na mesma quinta-feira 17, a empresa disse ter restabelecido a energia de todos os clientes que ficaram sem luz e abriram chamados entre sexta 11 e sábado 12 em São Paulo. Ainda restam, porém, 36 mil imóveis sem energia. As informações são do UOL e da EBC.
População sofre com apagão enquanto Nunes e Tarcísio fazem campanha
A falta de energia ocorreu após um temporal ter atingido o estado de São Paulo no dia 11. A capital do estado e sua região metropolitana tinham, na tarde do sábado 12, mais clientes sem energia elétrica do que todo o estado norte-americano da Flórida, atingido por um furacão categoria 3 na madrugada da quarta-feira 9.
A situação confirma o fracasso da privatização do serviço de energia elétrica e a incompetência da prefeitura em lidar com os eventos climáticos extremos, cada vez mais comuns.
A Enel administra hoje o que um dia foi a Eletropaulo, uma empresa estatal paulista criada em 1981 e privatizada nos anos 90. Em 2018, a Enel assumiu o controle da empresa.
A responsabilidade direta pela falta de luz é da Enel, principalmente diante da falta de mão de obra e de investimentos, visando a maximização dos lucros. Segundo o Ministério Público, a empresa deixou de investir R$ 601,7 milhões em infraestrutura.
Além disso, o contrato de concessão da empresa não prevê prazo para restabelecimento do serviço em caso de um evento climático que provoque a falta de luz, como a tempestade da sexta-feira 11.
Tarcísio e Nunes apoiam a privatização de setores essenciais
O caso da Enel é só um exemplo da falência do modelo de privatização na Região Metropolitana de São Paulo. Outro bem conhecido é a ViaMobilidade, que administra as sempre problemáticas linhas 8 e 9 do sistema de trens metropolitano.
Cabe ressaltar que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apoiam a privatização de setores estratégicos, como a Sabesp, entregue à inciativa privada por Tarcísio e com Nunes sancionando a lei que autoriza sua venda na capital paulista. A Sabesp, assim como a Enel, prestará um serviço essencial sem concorrência.
“Enquanto muitas pessoas perderam alimentos e eletrodomésticos, e algumas ficaram até sem equipamentos essenciais para a saúde e medicamentos, Nunes finge resolver o problema da Enel, gerando desinformações em meio a uma campanha eleitoral. A cidade está refém da incompetência da Enel e do prefeito, este incapaz de assumir a responsabilidade diante da situação, ao jogar a culpa no evento climático ou na empresa, sem reconhecer que a poda e o monitoramento de árvores é responsabilidade do poder municipal.”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo
Outros responsáveis pelo apagão
- Bolsonaro A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é responsável por fiscalizar a Enel. Os atuais diretores da Aneel foram indicados em 2022 por Bolsonaro, e não fiscalizam a Enel como deveriam. Já houve outro apagão em novembro de 2023, e nada foi feito desde então;
- Tarcísio de Freitas A Aneel mantém um convênio com a Arsesp, a Agência Reguladora de Saneamento e Energia Elétrica do Estado de São Paulo. Em SP, quem fiscaliza a Enel é a Arsesp, com seus diretores nomeados pelo governador Tarcísio de Freitas;
- Ricardo Nunes 50% dos casos de falta de energia foram por queda de árvores na rede elétrica. A poda de árvores é de responsabilidade da prefeitura.