Pular para o conteúdo principal

Taxa de juros de dois dígitos é um erro!

Linha fina
Copom aumenta novamente a Selic, agora para 10%. Em Brasília, mais de 3 mil trabalhadores protestaram contra medida que favorece capital especulativo e prejudica desenvolvimento do país
Imagem Destaque

São Paulo  O Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou as expectativas do mercado e fechou a última reunião do ano, nessa quarta-feira, com aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, que passa de 9,5% ao ano para 10%. A decisão agrada instituições financeiras e o capital rentista, mas é duramente criticada pelos trabalhadores. “A elevação da taxa básica de juros só favorece a especulação financeira e os bancos, mas é extremamente prejudicial ao país, pois reduz o consumo, o crescimento da economia e a geração de empregos”, argumenta a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, que participou de ato em Brasília, organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais contra a alta da Selic.

A dirigente destaca ainda que a Selic corrige boa parte da dívida pública. “Com isso, as instituições financeiras, que detêm cerca de 30% da dívida, ganham ainda mais dinheiro, enquanto os cofres da União perdem recursos. É dinheiro que deixa de ser investido em Saúde, Educação, transporte público, saneamento básico ou infraestrutura.

"O protesto foi na terça 26, em frente à sede do Banco Central (BC), onde ocorrem as reuniões do Copom, e contou com mais de três mil trabalhadores de todo o país. Outros dirigentes do Sindicato também participaram, entre eles a secretária-geral, Raquel Kacelnikas, e a diretora executiva Ivone Maria.

Dois dígitos – Trata-se do quinto aumento consecutivo este ano e com ele, após quase dois anos, a Selic volta a alcançar dois dígitos. “O aumento só interessa aos bancos e à especulação no mercado financeiro e não à classe trabalhadora, que é prejudicada”, criticou o presidente da CUT, o bancário Vagner Freitas. O dirigente lamenta ainda que, depois de um período de quedas (quase um ano), o governo federal tenha voltado a elevar sucessivamente a taxa básica de juros do país. “Quando enfrentou os banqueiros, baixando a Selic e os juros dos bancos públicos, o governo Dilma fez uma das coisas mais importantes na história recente do país. Infelizmente voltou atrás, mas a classe trabalhadora vai continuar indo pra rua contra essas medidas que favorecem a especulação financeira e não o capital produtivo”, afirma.

O governo Dilma recebeu a Selic em 10,75%. Após cinco reuniões do Copom no primeiro ano de gestão, a taxa básica subiu até 12,5% ao ano (junho de 2011). Foi então que começou a cair, ficando em um dígito pela primeira vez em março de 2012 (9,75%) e chegando a 7,25% em outubro do mesmo ano, após dez reuniões do Comitê. Manteve-se nesse índice nas três reuniões seguintes até voltar a subir, em abril deste ano (7,5%).

O Banco Central justifica a alta pelo controle da inflação, mas mesmo nisso, segundo Vagner, a medida é inócua. “Combater a inflação com alta de juros gera mais desemprego e mais recessão. Já com a redução da taxa, o trabalhador poderá consumir mais, ter mais acesso ao crédito – e isso gera emprego, gera produção, promove o desenvolvimento e a qualidade de vida do brasileiro”, reiterou.

Tabela do IR – Durante o ato, o presidente da CUT voltou a cobrar a correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física. “Diversas categorias conquistaram aumentos reais nas campanhas deste ano, foi o caso dos bancários. Mas para que esses reajustes não acabem sendo engolidos pelo leão, é preciso que a tabela seja corrigida. Essa é uma obrigação deste governo”, disse.

seja socio