Pular para o conteúdo principal

Copom mantém taxa de juros em 14,25%

Linha fina
Desta vez, a decisão não foi unânime. Houve dois votos a favor de um aumento de meio ponto percentual. Para movimento sindical, medida prejudica crescimento do país e só interessa ao capital especulativo
Imagem Destaque
São Paulo – Em decisão esperada, mas não unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter – pela terceira vez seguida – a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, que continua no maior nível desde meados de 2006.

Foram seis votos pela manutenção e dois a favor de aumento em meio ponto percentual, para 14,75%. Segundo nota divulga pelo comitê, a decisão, sem viés, foi tomada após avaliar "a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação". Os dois votos pelo aumento foram do diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Tony Volpon, oriundo do setor privado, e do diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Sidnei Corrêa Marques. A reunião encerrada na noite de quarta-feira 25 foi a última de 2015. A próxima está marcada para 19 e 20 de janeiro.

Apesar da estagnação – a Selic está em 14,25% desde julho –, a política monetária mantém tendência de alta desde abril de 2013, quando deixou o seu menor nível histórico (7,25%) e passou a registrar sucessivos aumentos.

A preocupação manifesta do BC é de levar a inflação (medida pelo IPCA) ao centro da meta (4,5%), o que se dá como certo que não ocorrerá no ano que vem. E há dúvida, entre analistas, se poderá acontecer em 2017, ainda que haja tendência de declínio. Ao mesmo tempo, o setor produtivo aponta prejuízos crescentes para uma economia já estagnada.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, critica a medida. “É um equívoco manter a Selic tão alta. Só onera mais o Estado, tirando recursos dos investimentos”, diz ela, referindo-se aos títulos da dívida pública, em grande parte indexados pela Selic.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto von der Osten, diz em nota que a decisão significa impedir a retomada do crescimento e piorar a distribuição de renda. "A indústria produz menos. O comércio também sente o reflexo dos juros altos com a queda nas vendas e redução dos postos de trabalho. Este caminho só leva à recessão e aprofunda ainda mais a crise. É lamentável que o governo mantenha esta postura, que prejudica os trabalhadores e só favorece os rentistas", afirma o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten. "O sistema financeiro é o único segmento da economia que ganha com a elevação dos juros."

Segundo o dirigente, não há base técnica na argumentação de que juros altos podem controlar a inflação. "É uma construção político-ideológica, que visa apenas manter uma casta rentista, com grandes prejuízos ao país."

Em nota, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) também reprovou o atual patamar da Selic. “A manutenção desta taxa só aprofunda a crise e torna mais distante a recuperação econômica tão necessária para a geração de mais empregos, melhor poder de compra e manutenção da distribuição da renda.”

A Central discorda ainda da justificativa do Copom de que a Selic alta combate a inflação: “A pressão inflacionária não vem de um excesso de demanda na economia, é resultado da desvalorização cambial e do realinhamento de preços administrados. (...) É preciso atacar as causas reais da inflação, como por exemplo, eliminar a indexação de tarifas públicas e contratos de concessão de serviços públicos. Além disso, o Banco Central tem de priorizar a retomada do crescimento econômico na condução da política monetária. Para isso, a queda da taxa de juros é essencial.”


Rede Brasil Atual, com edição da Redação – 26/11/2015
seja socio