São Paulo – O Itaú alcançou lucro recorrente de R$ 18,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2017, elevação de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do resultado tão expressivo, o banco criou apenas 664 vagas de trabalho em 12 meses (setembro de 2016 a setembro de 2017).
O número de trabalhadores chegou a 82.401. Nos últimos três meses, o banco aumentou em 1.149 o número de vagas. De acordo com o relatório do Itaú, o crescimento no trimestre é resultado da contratação para a estrutura do Banco de Varejo, relacionado à rede de agências. E também a um processo de contratação para reforçar a força de vendas da Rede.
> Assine o boletim eletrônico com notícias específicas do Itaú
As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias chegaram a R$ 26,3 bilhões, elevação de 7% em relação ao mesmo período de 2016. Apenas com essa receita, o banco cobre todas as despesas com salários – que se mantiveram estáveis em relação ao mesmo período do ano passado, com crescimento de apenas 0,2% – e ainda restam R$ 10 bi.
O banco fechou 141 agências nos últimos 12 meses, e o número de agências digitais aumentou em 26 no mesmo período.
Redução de crédito – O Itaú reduziu a carteira de crédito para R$ 633,145 bilhões, o que representa queda de 3,6% em relação a setembro de 2016. O crédito para pessoa física caiu 1,8%, principalmente nas linhas de veículos (-12,7%) e crédito pessoal (-8,9%). Apenas as linhas de cartão de crédito e crédito imobiliário cresceram 2,5% e 2,6%, respectivamente.
O crédito pessoa jurídica apresentou queda de 10% nos últimos 12 meses, com maior impacto nas linhas de capital de giro (-16,5%) e repasses do BNDES (-25,1%).
“A redução do crédito ofertado, em conjunto com o aumento do lucro, que já era imenso, reforça que o Itaú segue praticando a política de explorar a população sem oferecer uma contrapartida social satisfatória e condizente com o tanto que ganha em cima de toda a sociedade”, afirma a diretora executiva do Sindicato e bancária do Itaú Marta Soares.
Imposto e Previdência – O menor pagamento de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (-26%) também contribuiu para a elevação do lucro líquido.
Em abril deste ano, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, livrou o Itaú de pagar R$ 25 bilhões em Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) por ganhos de capital no processo de fusão com o Unibanco, efetivado em 2008. Para a Receita Federal, a fusão gerou ganho de capital de R$ 17 bilhões.
A CSLL é um dos impostos que financiam a Previdência Social, a mesma que os bancos defendem que sofra uma reforma que irá dificultar a aposentadoria da população.
A Receita Federal também investiga se os maiores bancos privados do país usam de forma abusiva, com o objetivo de sonegar impostos, o chamado planejamento tributário, uma estratégia não necessariamente ilegal praticada, em geral, por grandes empresas para reduzir o recolhimento de tributos.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido do Itaú foi de 21,7%, ante 20% nos nove primeiros meses de 2016.
As receitas de intermediação financeira tiveram queda de 3%, mas as despesas de intermediação financeira tiveram queda ainda maior, contribuindo para elevar o resultado do banco. As despesas de captação, por exemplo, apresentaram redução de 8%, passando de R$ 53 bilhões nos nove primeiros meses de 2016 para R$ 48 bilhões no mesmo período de 2017.
As despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa tiveram queda de 25%, passando de R$ 19,4 bilhões para R$ 14,5 bilhões.