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Chapéu
UNIÃO E LUTA

Marcha abre Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo

Linha fina
Até sábado 18, Sindicato, Contraf-CUT e diversos entidades filiadas à CUT participam do encontro em Montevidéu
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Montevidéu – Uma grande marcha pelas ruas da capital do Uruguai marcou a abertura da Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo. A atividade foi construída pelo movimento sindical e organizações sociais da região, com objetivo de mobilizar os povos para a defesa da democracia, atualmente ameaçada em vários países da América do Sul por forças conservadoras, que pressionam por novos tratados de livre comércio, retomando a agenda neoliberal e atacando direitos sociais e trabalhistas.

Até sábado 18, o Sindicato, a Contraf-CUT e diversos outras entidades sindicais filiadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) participam do encontro, que tem na sua pauta a luta pela democracia, a soberania, a integração dos povos e a resistência ao livre comércio e às transnacionais. Também em Montevidéu, antes da Jornada, movimentos sindical e sociais de todo o continente realizaram a IV Reunião da Aliança Latino-americana em Defesa dos Bancos Públicos.

“Estiveram presentes bancários e outras categorias de trabalhadores filiados à CUT, e ainda movimentos populares, da juventude, de mulheres da América Latina inteira. Em ato pela democracia e contra as políticas neoliberais no continente. Por uma economia sustentável, que inclua os trabalhadores, que gere empregos e políticas públicas para toda a sociedade, para que os trabalhadores tenham uma condição de vida melhor”, disse a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, que participa do encontro. “A jornada é uma união de esforços no sentido de barrar o avanço de políticas neoliberais e a consequente concentração de renda. De barra o avanço do rentismo, em detrimento de uma economia para todos e todas, com igualdade, saúde, educação, trabalho decente, com distribuição de riquezas, com soberania nacional, com respeito aos povos indígenas, aos negros, às mulheres”, completou.

"A capital do Uruguai se transformou na capital da esperança. Esperança de impor a agenda dos povos contra a agenda capitalista. Esperança de colocar as trabalhadoras e trabalhadores como protagonistas dos avanços que queremos na nossa sociedade. Estão aqui reunidos, movimentos sociais e sindical na luta pela justiça social que só pode ocorrer com democracia,  com igualdade de direitos e igualdade econômica, que se traduza no respeito a todos, negros, indígenas, mulheres, portadores de deficiência, velhos e crianças.  A unidade dos povos nos fará fortes contra  a concentração de riqueza, contra o desrespeito ao meio ambiente, contra a retirada dos direitos dos trabalhadores e ataques à democracia na nossa querida América Latina", disse Rita Berlofa, diretora do Sindicato e presidenta da UNI Finanças Mundial, setor da UNI Global Union (sindicato global que representa mais de 20 milhões de trabalhadores em todo o mundo. Rita também lembrou da unidade dos trabalhadores de bancos públicos na luta pela soberania dos países latino americanos, lembrando do encontro que ocorreu dias antes da jornada. 

“Trabalhadores de 23 países reafirmaram o desejo de combater as reformas laborais que estão sendo feito unilateralmente, sem a participação da classe trabalhadora, e o avanço neoliberal no continente”, afirmou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, também presente na jornada. “Estamos aqui trocando experiências, acumulando para que brevemente a gente tome o poder definitivo. Porque um governo que concentre renda e exclua os trabalhadores é inadequado para os nossos países e somos contra. Queremos construir um novo mundo, um mundo que seja fraterno, igualitário e que distribua oportunidades”, completou.

Unidade contra o neoliberalismo – A jornada acontece uma década depois de os movimentos sociais terem derrotado a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).  A Alca foi uma proposta feita pelos Estados Unidos, em 1994, com o objetivo de eliminar barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, formando assim uma área de livre comércio, com uma evidente vantagem para a indústria norte-americana, que ofereceria produtos a preços mais baixos no continente latino-americano, levando, supostamente, ao fechamento de indústrias e ao aumento do desemprego na América Latina. Com muita luta dos movimentos, o projeto da Alca foi recusado pela maioria dos governos latino-americanos durante a 4ª Cúpula das Américas.

Uma década depois o contexto é outro. Os golpes de Estado em Honduras, Paraguai e Brasil, o bloqueio econômico a Cuba e à Venezuela e o crescente protagonismo da direita violenta, fascista e à margem da institucionalidade em todo o continente são parte da reação do capital aos avanços do povo da Latinoamérica, que tiveram na primeira década deste ciclo com governo progressistas.

A jornada se propõe a debater a escalada de retirada de direitos que vem se dando no Brasil e outros países na América Latina, com eliminação de importantes programas sociais, por governos ilegítimos ou sustentados pelo capital, que retoma fortemente a agenda neoliberal de aprofundamento da desigualdade e concentração de riqueza, o que exige a organização e a mobilização continental para enfrentar a complexidade da conjuntura atual. Assim, a jornada se constitui num importante movimento para fortalecer o processo de unidade da luta e ação sindical.

“Fora Temer e todos os agentes do neoliberalismo mundial”, bradou o bancário Vagner Freitas, presidente da CUT. “Brasil vive um golpe social, judicial, midiático. O Brasil não tem governo, Temer não foi eleito. A plataforma que ele está pondo em prática não foi aprovada por ninguém. Duvido que alguém que dissesse que iria acabar com os direitos dos trabalhadores e vender todas as empresas estatais brasileiras ao capital internacional fosse eleito. Por isso é um impostor, não tem autoridade", afirmou Vagner durante o ato que reuniu diversos atores sociais de toda a América Latina.

Para a sexta-feira 17, segundo dia do evento, estão previstos encontros setorizados entre os países. O final da jornada será com uma grande plenária de convergência, que definirá uma agenda comum de luta para o próximo período no continente.


 

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