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Chapéu
São Paulo

Governo Covas vai ampliar ‘rapa’ contra população de rua, diz padre Júlio

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Em entrevista à Rádio Brasil Atual, padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua avaliou que a repressão contra essa população deve aumentar no fim do ano
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REPRODUÇÃO/FACEBOOK

O governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) está contratando 100 novas equipes de apoio à remoção – popularmente conhecido como rapa – para ampliar a tomada de pertences da população em situação de rua na cidade de São Paulo no final do ano. A informação foi dada na manhã de quinta-feira 21, pelo padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, à Rádio Brasil Atual.

“Ao invés de contratarem 100 novas respostas, 100 novas possibilidades, eles estão avisando que essa ação violenta contra a população de rua vai aumentar. Vão tirar deles as proteções, os alimentos, documentos, remédios, material reciclável. Isso tem sido diário na cidade”, afirmou.

Lancellotti disse que a informação lhe foi dada por uma “autoridade da prefeitura” e destacou que as equipes e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) têm atuado de forma extremamente violenta. “Quando as pessoas descansam em ruas aqui da região (de sua paróquia, na zona leste da capital), os GCMs pressionam eles com as motos e dizem ‘vão dormir na casa do padre’. Sendo que os centros de acolhida fecham e só abrem no fim do dia. As pessoas não têm onde ficar”, relatou.

Para o padre, a violência contra a população em situação de rua é uma cultura disseminada e tende a se intensificar com a validação de discursos de ódio e da banalização de agressões e assassinatos. Ele citou, como exemplo, o caso ocorrido na semana passada em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, em que nove pessoas foram internadas com sintomas de envenenamento, após compartilharem uma bebida que um deles havia ganho. Cinco morreram. Falou também do assassinato de uma mulher em situação de rua, morta a tiros por um homem após ter lhe pedido esmola, em Niterói-RJ, no sábado 16.

“Há uma estrutura de violência contra a população de rua, uma estrutura de intolerância. Essas situações mostram que a gente tem uma política de homicídio, de genocídio. Vai mostrando uma violência desmedida. Temos visto em outros lugares pessoas de rua que têm sido mortas e nem chega a ser notícia e a população aplaude. Há uma liberação de espancar, de bater, de matar, de destruir as pessoas. Isso está, de forma implícita e explicita”, afirmou.

Ouça a entrevista completa:

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