Nos primeiros nove meses de 2020, o Itaú obteve lucro líquido recorrente de R$ 13,148 bilhões. O resultado consolida alta de 19,6% no trimestre (o lucro do 3º trimestre foi de R$ 5,030 bilhões, ante R$ 4,2 bilhões no trimestre anterior), e redução de 37,6% em relação ao mesmo período de 2019.
De acordo com o banco, o resultado mantém os sinais de melhora no terceiro trimestre de 2020, com crescimento da carteira de crédito em todos os segmentos.
“Se o próprio banco considera que o resultado mantém sinais de melhorias, há motivos para ampliar as contratações, já que os bancários convivem com a sobrecarga de trabalho em muitas áreas”, afirma Marta Soares, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancária do Itaú.
Ao final do terceiro trimestre de 2020, a holding contava com 84.272 empregados no país, com uma queda de 71 postos de trabalho em relação ao trimestre anterior, e crescimento de 736 vagas em doze meses.
Segundo o relatório do banco, em nove meses, houve contratações na área de tecnologia, além de terem sido incorporados ao banco, no segundo trimestre, 1.448 trabalhadores da ZUP, empresa de tecnologia adquirida em outubro de 2019.
A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias caiu 1,1% em doze meses, totalizando R$ 29,1 bilhões. As despesas de pessoal, por sua vez, caíram 13,2%, somando R$ 17,9 bilhões. Com isso, apenas com o que arrecada em serviços e tarifas bancárias, o banco cobre suas despesas de pessoal, incluindo PLR, em 163% no período.
Banco aumenta PDD, impactando no lucro
O Índice de Inadimplência superior a 90 dias, no país, caiu 0,8 ponto percentual, ficando em 2,6%. Ainda assim, as despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) cresceram 74,8% no Itaú, totalizando R$ 24,3 bilhões.
Em doze meses, foram fechadas 203 agências físicas (sendo 28 no trimestre), e não foi aberta nenhuma agência digital, totalizando 3.127 e 196, respectivamente.
O retorno recorrente consolidado sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) foi de 14,1%, com queda de 9,5 pontos percentuais (no Brasil ficou em 14,4%, com queda de 10,3 pontos percentuais).
A Carteira de Crédito do banco cresceu 20,4% em doze meses e 4,4% no trimestre, atingindo R$ 847 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 3,5% em relação a setembro de 2019, chegando a R$ 237,7 bilhões, com destaque para veículos (+19,6%) e crédito imobiliário (+14,3%).
As operações com micro e pequenas empresas (MPE) no país somaram R$ 122,5 bilhões, com alta de 36,9% em doze meses, e a carteira de grandes empresas variou 24,2% e totalizou R$ 264,8 bilhões para o mesmo período. A carteira de crédito para a América Latina apresentou alta de 29,8% no período, totalizando R$ 222 bilhões.
Um item com forte impacto nos resultados do banco foi a conta de impostos e contribuições, que passou de uma despesa de, aproximadamente, R$ 5,8 bilhões para uma receita de R$ 14,6 bilhões, devido à entrada de créditos tributários, revertendo o resultado negativo antes dos impostos de R$ 4,6 bilhões.
“Apesar de queda anual do resultado, impactada pela provisão para eventuais calotes, o Itaú segue obtendo lucro bilionário, mas em contrapartida, continua demitindo trabalhadores em plena crise sanitária e social causada pela pandemia”, critica Marta Soares.
“Cobramos do banco mais responsabilidade social por meio da redução dos juros e tarifas, bem como a interrupção das demissões e a ampliação das contratações de bancários, que vivem sobrecarregados e adoecidos por conta das metas abusivas. Um banco que lucra tanto da sociedade deve retribuir com o aumento de empregos para reduzir a sobrecarga e prestar melhor atendimento à população, e com a redução de juros a fim de incentivar a economia como um todo”, afirma a dirigente.