O número de contaminações por covid-19 tem aumentado em todo o país. Na grande São Paulo, em apenas duas semanas, a ocupação de UTIs aumentou 65% e de enfermarias 81%, segundo dados divulgados na sexta-feira 11, pela Secretaria Estadual de Saúde. Os especialistas atribuem essa nova onda da pandemia à circulação de novas variantes, como a BQ.1.
A pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, que é referência no Brasil em epidemiologia e controle da covid-19, explica que apesar de as vacinas continuarem a ser importantes, a variante BQ.1 tem um escape vacinal. “Haver novas variantes não surpreende. Contudo, o que nos preocupa é que podem surgir variantes e subvariantes, como é a cepa BQ.1, que circula entre nós, que tem alta taxa de transmissão e um escape vacinal.”
Como ainda estamos sob o governo Bolsonaro, o descaso com a pandemia continua. “Precisávamos estar sendo vacinados com as vacinas de segunda geração, as chamadas vacinas ambivalentes ou bivalentes, que são aquelas construídas com a proteína spike da cepa ômicron, de onde vêm todas essas variantes. Sabemos que tem um pedido de aprovação na Anvisa desde setembro e não sabemos por que isso não foi aprovado. Tampouco sabemos quanto foi pedido para ser comprado; acho eu que não foi pedido nada até agora, mas nós precisaríamos estar sendo vacinados com essa vacina ambivalente, que já está sendo aplicada nos países europeus e nos EUA”, disse Dalcolmo em entrevista à imprensa.
Sem vacina bivalente, é preciso se prevenir
Como Anvisa e Ministério da Saúde ainda não deram sinais de aprovação ou compra das novas vacinas bivalentes, resta à população voltar a se proteger, com uso de máscaras, álcool em gel e evitar aglomerações, como recomendam os especialistas.
Apesar de não haver evidências de que a BQ.1 esteja associada a uma maior gravidade da doença, especialistas advertem para a maior vulnerabilidade de pessoas do grupo de risco e para a chamada covid longa, quando os sintomas da doença persistem por meses, entre eles dores de cabeça, fadiga, perda de memória, etc.
O neurocientista Miguel Nicolelis fez um alerta no Twitter: "Nova variante BQ.1 que surgiu da BA 5 escapa mais da cobertura das vacinas que temos no Brasil. É preciso investir na compra de novas vacinas, incentivar de novo o uso de máscaras e combater o crescimento de casos PORQUE ESTE É UM VÍRUS PARA NÃO SE PEGAR porque ele pode levar a sequelas crônicas!"
A secretária de Saúde do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Valeska Pincovai, reforça a importância de seguir a ciência e as recomendações de médicos e pesquisadores. “Ainda que a subvariante BQ.1 possa escapar das vacinas, os especialistas recomendam que, quem ainda não tomou as quatro doses, procure um posto de saúde para completar a cobertura vacinal. Outra recomendação é que se volte a usar máscaras em locais fechados, e orientamos os bancários a voltarem a usar nas agências e departamentos, bem como no transporte público. Volte a usar álcool 70 para higiene das mãos e evite aglomerações”, destaca.