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Fim da escala 6x1: Sindicato é pioneiro na discussão da redução da jornada

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Imagem de Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

Nos últimos dias, o debate sobre a jornada 6x1 tem ganhado destaque, ocupando espaço tanto nas mídias tradicionais quanto, especialmente, nas redes sociais. O assunto foi popularizado a partir do desabafo, via rede social, de Rick Azevedo, trabalhador que expôs sofrimento físico e mental derivado da rotina exaustiva de trabalho. A repercussão do vídeo foi tamanha que acabou levando a criação do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e, posteriormente, a candidatura como vereador para cidade do Rio de Janeiro pelo PSOL. Foi eleito com mais de 29 mil votos.

A partir da organização do Movimento VAT, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) começou a tramitar no Congresso. A proposta prevê expediente máximo de quatro dias por semana, oito horas diárias e 36 horas semanais. Ela foi apresentada pela deputada Érika Hilton (PSOL) em maio deste ano e conseguiu a quantidade de assinaturas necessárias para ser protocolada na Câmara dos Deputados.

O resultado desta articulação mostra a insatisfação da população com uma rotina desgastante. A jornada com apenas um dia de folga na semana priva as pessoas de lazer, momentos com a família e amigos e mesmo para conhecimento, ampliando o risco de doenças mentais. É importante lembrar que, em 5 anos, o número de afastamentos por transtornos mentais cresceu mais de 50%. Os trabalhadores afastados pela síndrome de Burnout, cresceram mais de 1.000% em relação a 2014.

Redução de jornada sem redução de salário significa melhoria do bem-estar para os trabalhadores. O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional pode influenciar diretamente no aumento da produtividade com menor absenteísmo e diminuição de afastamentos. A narrativa utilizada pelos patrões e por parte da elite dominante é pouco fundamentada e parece estar mais associada à nossa raiz escravocrata. Os mesmos argumentos foram utilizados para os contrários à abolição, a criação do 13º salário, férias, FGTS e redução de jornada de 48h para 44h.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a jornada de trabalho no Brasil é maior do que a média mundial. A jornada máxima no Brasil é de 44 horas semanais, enquanto a média é de 39 horas. Se desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, fosse reduzida em 10 minutos a jornada por ano, em 2024 a jornada oficial seria de 38 horas semanais, ou seja, mais próxima de outros países do mundo.

Além disso, é preciso considerar que a evolução das tecnologias tem ampliado a produtividade e ampliado a rentabilidade das empresas. Os ganhos da tecnologia precisam ser distribuídos para a classe trabalhadora. A discussão da redução de jornada também precisa estar próxima estar aliada a esta questão. Importante nos antecipar frente aos desafios do futuro do trabalho.

Na categoria bancária, a discussão da jornada de quatro dias por semana foi pautada, de forma pioneira, durante a última negociação. Entendemos que o setor bancário reúne todos os elementos para atendimento deste pleito. Mas, mais do que uma discussão de categoria, é uma discussão de toda a classe trabalhadora, com benefícios para a sociedade de agora e para a sociedade que queremos.

Historicamente o movimento sindical defendeu a redução de jornada sem redução de salários e permanecemos com essa defesa. Entendemos que o clamor da classe trabalhadora na defesa do fim da jornada 6x1 é um alento em meio a tantas pautas conservadoras. A articulação orgânica dos trabalhadores é a esperança de dias melhores.

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