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Spread sobe mesmo com queda na Selic

Linha fina
Diferença entre o que o banco gasta para captar dinheiro e quanto cobra para emprestá-lo aumentou de 23,5% para 28,9%, em dez meses
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São Paulo – A fome por lucro das instituições financeiras não tem limite. Mesmo com as medidas do governo para reduzir a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 11% ao ano, o setor mais lucrativo do país aumentou ainda mais o spread bancário – diferença entre o que os bancos gastam na captação do dinheiro e quanto eles cobram nas operações aos clientes –, que passou de 23,5%, em dezembro de 2010, para 28,9%, em outubro deste ano, segundo dados do Banco Central, citados em reportagem do DCI.

Os números representam aumento de 5,4 pontos percentuais em dez meses – de janeiro a outubro – e alta de 0,8 p.p. no mês. E isso em uma economia que já tem um dos maiores spreads bancários do mundo.

“Esse quadro demonstra a ganância das instituições financeiras no país. Ao invés de apostarem no crescimento do crédito produtivo e no desenvolvimento da economia, preferem continuar cobrando altos juros dos clientes”, critica a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Sem justificativa – Alguns economistas culpam a inadimplência, que foi de 5,5% em outubro, aumento de 0,2% em relação a setembro e de 1% na comparação com outubro de 2010. Mas o argumento de que o calote é responsável pelos altos juros cobrados pelos bancos é desmentido até mesmo pelo ex-economista chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Roberto Troster. Ouvido pelo DCI, Troster afirma que “a influência da inadimplência em níveis altos é pequena na composição do spread bancário” e não justifica seu alto valor, acrescentando que o spread brasileiro é o segundo maior do mundo.

Ainda segundo dados do BC, no segmento pessoa física o spread é ainda mais elevado que no segmento empresas. O índice para pessoa física chegou a 36,5%, com alta de 8% em 2011 e de 1,5% em outubro. Isso porque o mercado cobrou dos bancos uma taxa de captação que ficou em 10,5% em outubro, com queda de 1,6 p. p. no ano e de 0,2 p.p. no mês. Enquanto os bancos cobraram do cliente final uma taxa de aplicação de 47%, ou seja, acréscimo de 6,4 p.p. na comparação com dezembro de 2010 e de 1,3 p.p. na comparação com setembro.

Já o spread pessoa jurídica atinge 19% ao ano, que representa aumento de 2 p.p. em relação a dezembro de 2010 e alta mensal de 0,1 p.p.


Redação, com informações do DCI - 16/12/2011

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