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Bancos demitem e reduzem salários

Linha fina
Saldo de empregos no setor entre janeiro e setembro foi 84,2% menor que no mesmo período de 2011, e a remuneração média dos admitidos foi 38,65% inferior a dos desligados
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São Paulo - Os bancos continuam contribuindo muito pouco para a geração de postos de trabalho no país. De janeiro a setembro deste ano, o saldo foi de 2.876 novas vagas, o que representa apenas 0,2% do total de empregos criados no Brasil nesse período.

Se compararmos com as vagas abertas pelas instituições financeiras entre janeiro e setembro de 2011, que chegaram a 18.167, houve redução de 84,2% na geração de empregos no setor.

Levando-se em conta apenas os bancos múltiplos com carteira comercial, grupo do qual fazem parte cinco grandes bancos no país – Banco do Brasil, Itaú, Santander, Bradesco e HSBC –, o saldo de empregos foi negativo em 1.550 postos. O resultado do setor só foi positivo graças aos 4.407 novos empregos da Caixa Federal no período. Sem a contribuição da Caixa, o saldo bancário seria negativo em 1.531 vagas.

Os dados são da 15ª Pesquisa de Emprego Bancário, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), baseada no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

Os números mostram que o desempenho do setor piorou muito em 2012. Se entre janeiro de 2010 a dezembro de 2011 a média de vagas abertas por mês foi de 1.985, nos nove primeiros meses deste ano esta média caiu para 319 postos por mês.

Desempregos – O resultado reflete os constantes cortes promovidos principalmente por grandes instituições como o espanhol Santander, o inglês HSBC e o Itaú. Neste último, houve redução de 2.090 vagas em apenas três meses (junho a setembro de 2012) e de 9.393 postos de setembro de 2011 a setembro de 2012.

Já o Santander promoveu demissões em massa às vésperas do Natal. Levantamento do Sindicato mostra que a média de homologações do banco era de 77,8 ao mês em 2012, mas saltou para 440 só em três dias de dezembro, apenas na base do Sindicato. O problema foi levado ao Tribunal Regional de Trabalho (TRT) da 2ª Região, que acatou o pedido de liminar da entidade e suspendeu os desligamentos no banco. Está marcada nova audiência sobre o assunto no TRT, nesta terça-feira 18.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, destaca que os balanços dessas grandes empresas não justificam as demissões. “No mesmo período, os ativos dos cinco maiores bancos cresceram 16,95%, as operações de credito aumentaram 16,7% e as receitas de serviços e tarifas subiram 12,15%. Os índices são bons e não há porque demitir”, reforça, lembrando que o movimento sindical já enviou carta a todos os bancos, cobrando negociação sobre emprego e promove uma série de protestos, em todo o Brasil, para barrar as demissões

Salários menores – As dispensas, segundo a dirigente, são resultado da ganância do setor. “São uma tentativa das instituições financeiras de aumentar ainda mais seus lucros, apostando na diminuição de vagas, o que sobrecarrega ainda mais os que ficam, e na rotatividade, que é uma forma de diminuir os salários dos bancários.”

O que a dirigente afirma é confirmado pela pesquisa do Dieese. Enquanto a remuneração média dos demitidos era de R$ 4.390,87, a dos admitidos é de R$ 2.693,79, ou seja, os novos funcionários recebem salários 38,65% menores que os deligados.

Estado – Os números do estado de São Paulo seguem a mesma lógica. Entre janeiro e setembro de 2012, o saldo de empregos foi negativo em 198 vagas – mesmo com os quase mil postos abertos pela Caixa –, e a remuneração média foi 29,38% menor para os novos contratados.

Na capital, Osasco e região, base do Sindicato, o saldo só foi positivo, em 366 postos, por causa das 377 novas vagas na Caixa no período. Mas nos bancos múltiplos com carteira comercial o saldo foi negativo em 157 postos. A diferença de remuneração entre os demitidos e os contratados foi de -27,41%.

“Num momento em que os empregos no Brasil alcançam patamares positivos históricos, os bancos, um dos setores econômicos mais poderosos do país, prestam esse desserviço à nação, gerando desemprego e achatando a renda do trabalhador”, critica Juvandia.


Redação - 17/12/2012

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