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Demissões no Santander denunciadas ao MTE

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Em audiência no Ministério do Trabalho e Emprego, Sindicato reporta situação calamitosa causada pelas dispensas no banco espanhol
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São Paulo – Representantes do movimento sindical estiveram no Ministério do Trabalho e Emprego para denunciar uma série de problemas que afetam os funcionários do Santander.

Na audiência, ocorrida na quinta-feira 12, o secretário de Relações do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo, foi informado sobre as demissões promovidas pelo banco espanhol – tanto as imotivadas quanto as que desrespeitam determinações judiciais –, além das condições de trabalho que levam ao adoecimento centenas de bancários todos os anos, dentre outras questões. Uma outra reunião será agendada após Messias estudar o caso.

Segundo dados do balanço do banco, mesmo com lucro líquido de R$ 4,3 bilhões até setembro deste ano, houve corte de 3.414 empregos no mesmo período. Apenas no terceiro trimestre de 2013, a instituição eliminou 1.124 postos de trabalho. Já nos últimos 12 meses, a redução alcançou 4.542 vagas, uma queda de 8,2% no quadro de funcionários, que caiu para 50.578 em setembro.

Ao mesmo tempo, o número de contas correntes do banco tomou outra direção, aumentando em 1,5 milhão nos últimos 12 meses. O Santander também experimentou aumento de 7,8% de clientes a mais no período.

“Essas demissões têm um custo social altíssimo”, afirma a dirigente sindical Rita Berlofa. “Impactam tanto o funcionário demitido, que perde sua fonte de renda, como o remanescente, que acumula funções, acaba sobrecarregado e adoece. E impacta a sociedade também, seja por meio do seguro desemprego, seja pelo afastamento médico sustentado pelo INSS, ambos bancados com o dinheiro dos impostos da população”, avalia.  

Ação – Para piorar, muitas das dispensas do Santander são ilegais. Em agosto, a Justiça determinou que os bancários com LER/Dort não poderiam mais ser demitidos pelo Santander. No entanto, de acordo com informações do setor de homologação do sindicato, pelo menos sete funcionários com doenças ocupacionais osteomoleculares foram demitidos pelo banco espanhol.

> Santander é proibido de demitir bancário com LER

Se em uma ponta existe um quadro de demissões, sobrecarga de trabalho, adoecimento, na outra ponta a situação é diferente. Cada diretor do Santander embolsou, em média, R$ 5,62 milhões no ano passado, o que equivale 119,2 vezes o salário de um caixa do banco, segundo estudo do Dieese.

Para ganhar a remuneração mensal de um executivo, esse caixa teria que trabalhar 10 anos no banco. De 2010 a 2013, a concentração dos lucros foi ainda maior: os ganhos dos executivos aumentaram 67%.

Terceirização na homologação – Outro problema reportado ao secretário do MTE foi a terceirização dos prepostos. Com a falta de pessoal na rede de agências e para reduzir custos, o banco deixou de enviar funcionários do banco como prepostos nas homologações junto à maioria dos sindicatos, passando a utilizar terceirizados.

“Outra medida que desrespeita os funcionários, porque um representante terceirizado do banco pode não conhecer todos os direitos do trabalhador previstos em acordos, sem contar que a homologação é o ultimo contato entre a empresa e o funcionário, portanto deveria ser feito por um representante direto do banco”, afirma a dirigente Rita Berlofa.

“Banco é concessão publica”, acrescenta Rita. “É inadmissível que uma instituição estrangeira se instale no Brasil, desrespeite decisões judiciais e faça esse tipo de exploração aos seus trabalhadores, que são responsáveis por um quarto do lucro do banco no mundo e possuem comprovadamente mais eficiência do que os funcionários europeus. Nós exigimos respeito e vamos lutar sempre por isso”, completa a sindicalista.


Rodolfo Wrolli – 16/12/2013

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