São Paulo – No ato da Avenida Paulista, na tarde de terça-feira 5, lideranças dos trabalhadores prometeram parar o país se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocar em votação a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, da "reforma" da Previdência. O projeto pode ir para o plenário da Câmara no próximo dia 13. A manifestação fechou uma das pistas da Avenida Paulista em frente ao Masp.
O bordão repetido pelos participantes da manifestação, convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, é "Se botar pra votar, o país vai parar". O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou no ato que a pressão popular já é vitoriosa e ganhou o debate sobre as mudanças no sistema previdenciário, tanto que os deputados, segundo ele, estariam com medo de perder votos de suas bases e já estão recuando. "Se botarem pra votar, o Brasil vai parar. Se não botarem, é mais uma vitória dos trabalhadores", disse.
#NãoMexaNaAposentadoria: @vagnercut ressalta a importância da mobilização dos trabalhadores para barrar a reforma da Previdência! #NãoMexaNaAposentadoria pic.twitter.com/ot41ZL1PcY
— Sind. dos Bancários (@spbancarios) 5 de dezembro de 2017
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Pressão nos parlamentares – Os manifestantes, com faixas e cartazes, também deram um claro recado aos deputados federais e senadores que querem a reeleição em 2018: “Se votar, não volta! Não roubem nossa aposentadoria”, dizia uma das faixas.
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A CUT e demais centrais prometem divulgar massivamente os nomes dos congressistas que votaram a favor da reforma da Previdência. Para aprovar a PEC 287, o governo precisa de 308 votos favoráveis na Câmara (três quintos dos deputados), em dois turnos de votação, e a intenção é votá-la na próxima quarta-feira, dia 13, e novamente até o dia 20 de dezembro. Se for aprovada na Câmara, a PEC da reforma da Previdência segue para apreciação no Senado, onde também deve ter três quintos dos votos (49) e ser votada em dois turnos.
O movimento sindical está convocando a população a pressionar os deputados e senadores mandando mensagens pelas redes sociais ou e-mails. A CUT tem uma ferramenta que facilita o envio de mensagens: o site Na Pressão. “Vamos manter a pressão sobre os deputados, a maioria de olho na reeleição de 2018”, ressalta a presidenta do Sindicato, Ivone Silva, convocando os bancários e bancárias a acessar o site e cobrar do parlamentar o posicionamento contrário à PEC 287.
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Bancários na luta – Além disso, os bancários estão prontos para fazer greve se o Congresso levar a reforma à votação. O Sindicato está percorrendo locais de trabalho para consultá-los sobre a possibilidade de aderirem a uma paralisação nacional e 90% dos consultados se manifestaram favoráveis.
Marcelo Gonçalves, diretor do Sindicato, lembra que também estamos na luta pela anulação da reforma trabalhista! #NãoMexaNaAposentadoria pic.twitter.com/cqsO2ccNBE
— Sind. dos Bancários (@spbancarios) 5 de dezembro de 2017
Resistência – Durante o ato, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos falou sobre o atual contexto político e afirmou que os golpistas não desistem, e resolveram ressuscitar a reforma da Previdência, embora em uma versão mais "light". "O dia de hoje é para marcar nossa posição contra essa reforma sem vergonha desse governo ilegítimo. Vamos parar o Brasil contra essa reforma", prometeu.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro homenageou no ato os integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) que estão em greve de fome contra as alterações na Previdência Social. Ele falou sobre ocupação promovida nas terras do ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de prisão por 48 estupros de 37 mulheres, em Avaré, interior de São Paulo. Mauro prometeu também ocupar as terras de golpistas. "O ano não termina para quem luta. E se a reforma for à votação no dia 13, vamos ocupar a Paulista, as fábricas, as rodovias."
Por volta das 18h30, o ato dispersou, e pouco antes as pistas da Avenida Paulista foram liberadas.
Atos em todo o país – A CUT e demais centrais sindicais realizaram protestos e paralisações em todos os estados, de norte a sul do país na terça-feira 5. Segundo a CUT, as manifestações nas ruas e redes sociais, com a hastag #NãoMexaNaAposentadoria, deixaram um recado bem claro aos deputados e deputadas: “Quem votar, não volta”, em referência às eleições de 2018, ano em que muitos deputados tentarão a reeleição.