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Campanhas bem sucedidas e novos direitos: troca de experiências marcou 1º dia de debates na 6ª Conferência UNI Américas

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Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato, fala sobre tecnologia e o trabalho bancário, na 6ª Conferência UNI Américas

A troca de experiências de sucesso e a discussão sobre tecnologia e transformações econômicas foram os temas dos painéis do primeiro dia de debates da 6ª Conferência UNI Américas, nesta sexta-feira 6, na Argentina.

A Conferência, cuja cerimônia de abertura foi na tarde de quinta-feira 5, reúne cerca de 600 delegados e observadores de 140 organizações sindicais de 28 países da América do Sul, Central e do Norte, no município argentino de La Falda, na província de Córdoba.

O movimento sindical bancário está representado pela delegação da Contraf-CUT, da qual participa o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, com sua presidenta Neiva Ribeiro, a secretária-geral, Lucimara Malaquias, as diretoras executivas Ana Beatriz Garbelini e Karen Souza e os diretores Edegar Faria, Mércia Oliveira e Matheus Pinho.

6ª Conferência UNI Américas reúne cerca de 600 mil participantes

Transformações econômicas e tecnologia

As transformações econômicas, tecnológicas e seus impactos no meio ambiente foram o tema de um dos painéis do dia, ocorrido na parte da tarde. A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, participou da mesa e falou sobre como o movimento sindical bancário brasileiro está lidando com esses temas.

Neiva destacou que a tecnologia é um assunto importante nas mesas de negociação com os bancos, tendo sido, inclusive, um tema chave na última Campanha dos bancários, neste ano. “Nós levamos para os bancos os dados sobre fechamento de agências e de postos de trabalho, por conta do avanço tecnológico e da disputa entre os bancos tradicionais e as fintechs, que têm regulamentação diferente, tanto na questão tributária quanto na questão do emprego bancário. E essa ‘assimetria regulatória’, como dizem os bancos, faz com que se acirre a concorrência e com que eles usem cada vez mais essa questão como justificativa para fechar ainda mais postos de trabalho.”

A dirigente ressaltou que outra pauta importante levada pelos bancários brasileiros à mesa de negociação foi a redução da jornada para 4 dias na semana, sem redução dos salários. “A redução da jornada é uma forma de garantir aumento dos empregos, com mais contratações, e de proporcionar mais qualidade de vida aos bancários, que são uma das categorias que mais adoece por conta do trabalho. A tecnologia tem de ser usada a nosso favor”, defendeu Neiva.

Ela citou ainda a participação do movimento sindical bancário na 112ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Estivemos lá eu, a companheira Juvandia Moreira [presidenta da Contraf] e a companheira Rita Berlofa [secretária de Relações Internacionais da Contraf] em uma oficina com a Fenaban, o setor patronal, conversando sobre como as tecnologias disruptivas e a IA impactam o emprego bancário, como impactam na questão da segurança dos dados das pessoas e na questão da privacidade. Precisamos que tudo isso seja regulamentado.”

Neiva também destacou a luta dos bancários no Brasil contra as fraudes trabalhistas praticadas pelo Santander, que está transferindo bancários do banco para outras empresas que fazem parte do grupo, retirando assim esse trabalhador da categoria bancária. “O Santander está economizando cerca de R$ 23 bilhões com essas terceirizações fraudulentas. O banco está se aproveitando da reforma trabalhista que sofremos em 2017 para retirar direitos. Nós estamos lutando diariamente contra isso e faremos, junto com a Contraf, uma campanha de médio e longo prazo para combater a fraude do Santander.”

 

Crescimento sindical na região

Na parte da manhã, a presidenta do Sindicato participou, como mediadora, do painel “Crescimento sindical na região”. Neiva apresentou os participantes da mesa, sindicalistas de diversos países do continente, e fez uma breve introdução sobre algumas das estratégias utilizadas pelo movimento sindical bancário e o Sindicato: “Campanhas de sindicalização, novas estratégias de organização e comunicação de base para despertar a consciência de classe e o fortalecimento da luta por defesa e ampliação de direitos.”

Campanhas bem sucedidas

O primeiro painel do dia, na parte da manhã, teve como tema “Campanhas de negociação coletiva bem-sucedidas”, e o Brasil foi representado pela secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda  Lopes, que falou sobre o pioneirismo do projeto Basta! Não irão nos calar, que presta assessoria jurídica para mulheres vítimas de violência. Falou aindaa das conquistas da categoria bancária na mesa de negociação de Igualdade de Oportunidades, uma experiência que já soma 23 anos.

“Lançamos agora o 14º canal de atendimento do Basta!, chegando nas cinco regiões do Brasil – e vocês sabem que o Brasil tem dimensões continentais. São 532 cidades já atendidas. E até hoje já atendemos 483 mulheres, com 267 medidas protetivas de urgência com base na Lei Maria da Penha”, informou a dirigente. Criado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, o Basta! foi assumido pela Contraf, que o está implantando em várias regiões do país.

Fernanda citou ainda as conquistas recentes da Campanha Nacional dos Bancários de 2024: “Conquistamos 3 mil bolsas para mulheres na área de tecnologia, que é a que mais cresce nos bancos. Tivemos também avanços em cláusulas para LGBTQIA+ e também em nossos canais de denúncia de violência e assédio. São temas que abordamos nas nossas campanhas e esperamos poder avançar em mais conquistas para todos os grupos que são marginalizados em nosso país.”

Democracia e justiça social

Na parte da tarde, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, fez uma importante fala em defesa da moção “Solidariedade em ação, esperança coletiva por democracia e justiça social”.

Juvandia citou os recentes ataques às democracias de vários países do continente americano, inclusive o Brasil, e afirmou que esses golpes só serão combatidos com uma radicalização da democracia. “E radicalizar a democracia significa combater a desigualdade, combater a fome e a miséria, significa colocar o trabalho no centro, significa promover o trabalho decente, promover a igualdade de oportunidades.”

Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, defendendo a moção Democracia e Justiça Social

Conferências

A 6ª Conferência UNI Américas será encerrada neste sábado 7, com a eleição do novo Comitê Regional da entidade.

A UNI Américas é o braço continental da UNI Global Union, sindicato mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores e trabalhadoras do setor de serviço em todo o mundo.

A 6ª Conferência Regional da UNI Américas iniciou na quinta 5, mas os trabalhadores e trabalhadoras do continente estão reunidos em La Falda desde segunda-feira 2, em discussões e deliberações de outros encontros da UNI por setores: a 6ª Conferência Regional UNI Américas Finanças, que ocorreu nos dias 2 e 3; a 7ª Conferência UNI Américas Mulheres e 6ª Conferência UNI Américas Juventude, ambas realizadas na quarta-feira 4.

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