Foi realizada na tarde desta segunda, 1º de dezembro, negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (federação dos bancos), na qual foi apresentada pela representação dos trabalhadores proposta de cláusula sobre a Gestão Ética da Tecnologia nas Relações de Trabalho.
No início da reunião, a representação dos bancários lembrou que o tema do monitoramento do trabalho bancário não é novo, que já foi objeto de negociação quando, por exemplo, da implementação das centrais de atendimento, e tem impacto na saúde, bem-estar, privacidade e produtividade dos trabalhadores.
Também foi destacado pela representação dos bancários que, na ocasião de negociações sobre teletrabalho, o tema do monitoramento também foi pautado, quando foi vedada a utilização de câmeras na casa dos trabalhadores.
Proposta dos bancários
A proposta de cláusula apresentada pela representação dos bancários assegura aos trabalhadores o direito à privacidade, intimidade e dignidade; garantia de feedback; de contestação; ampla transparência sobre as tecnologias adotadas pelo empregador; que estas tecnologias sejam utilizadas, exclusivamente, em questões relacionadas ao trabalho; necessidade de intervenção e validação humana nas decisões adotadas a partir da utilização das novas tecnologias; além da negociação prévia com o Sindicato quando da adoção de novas tecnologias nas relações de trabalho.
O Comando Nacional dos Bancários pontuou ainda para a Fenaban que existem precedentes de cláusulas em acordos coletivos, no Brasil e também na União Europeia, que tratam da utilização de novas tecnologias nas relações de trabalho.
“A adoção de novas tecnologias nas relações de trabalho – seja na seleção, treinamento, monitoramento ou avaliação - não pode invadir a privacidade do bancário; o trabalhador deve ter amplo conhecimento do funcionamento e critérios das ferramentas; decisões automatizadas, sem validação humana, não podem ter impacto na carreira e emprego; e a adoção de novas tecnologias nas relações de trabalho deve ser necessariamente negociada previamente com o movimento sindical”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
“Este debate é de suma importância para a categoria diante do avanço das novas tecnologias. Não podemos permitir que se repita um episódio recente – quando o monitoramento digital, do qual trabalhadores não tinham pleno conhecimento e não receberam feedback prévio, foi utilizado como justificativa para demissão em massa. Para isso, é preciso garantirmos a utilização ética das novas tecnologias em todas as etapas das relações de trabalho no setor bancário”, conclui a presidenta do Sindicato.