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Roubos a bancos crescem em 2011

Linha fina
Número de ocorrências pode ser ainda maior, já que boa parte é subnotificada. Os números evidenciam a necessidade de investimentos e a instalação de portas de segurança
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São Paulo – Os números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) sobre ocorrências de roubos a banco entre janeiro e novembro de 2011 evidenciam o que todos os bancários e clientes das instituições financeiras já sabem: estar dentro de uma agência bancária é uma tarefa arriscadíssima.

Foram 233 notificações de roubos a bancos no estado de São Paulo no período. Desses, 140 ocorreram na capital. “O que temos presenciado é que boa parte desses crimes vem acontecendo em regiões nobres da cidade. Em agências onde, por razões estéticas, para tornar os locais mais atraentes, as porta de segurança são retiradas tornando os trabalhadores e clientes mais vulneráveis às ações dos bandidos”, analisa Daniel Reis, diretor executivo do Sindicato e integrante da Ccasp (Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada da Polícia Federal).

O mapeamento confirma as palavras do dirigente sindical. Quase metade (43,8%) das ocorrências foram na zona sul da cidade, região conhecida pelo grande poder aquisitivo. Os bairros de Vila Clementino, Itaim Bibi, Santo Amaro, Brooklin, Campo Belo e Ipiranga estão entre os dez mais atacados por assaltantes. Pinheiros e Perdizes, na zona oeste, também aparecem na lista dos mais assaltados.

Realidade ainda pior – Os números oficiais superaram as ocorrências em todo o ano de 2010, quando foram registrados 211 casos no estado de São Paulo. Quando comparado apenas os roubos a banco na capital, entre janeiro a dezembro dos dois últimos anos, houve aumento de 6,1% nos casos.

No entanto a realidade é ainda mais violenta. “Em média ocorreram dois assaltos a banco na cidade neste último ano”, afirma Daniel Reis. Ele explica ainda que os casos têm ocorrido principalmente entre 11h e 14h. “É justamente o horário em que os vigilantes estão fazendo revezamento no almoço.”

Em 2010 a Polícia Federal desobrigou as agências bancárias de manter um vigilante reserva que cobrisse a ausência dos colegas durante o horário de almoço, o que descumpria o próprio plano de segurança da agência. “Por exemplo, se o plano aprovado para determinada agência é de três vigilantes, tem de ter os três durante todo o dia de trabalho, inclusive na hora do almoço, quando o almocista cobria a ausência. Isso tem influenciado nas estatísticas atuais.”

Em julho foi divulgada a 1ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Apenas no primeiro semestre de 2011 foram 838 ataques no país, média de 4,63 ocorrências por dia. Desses casos, 301 foram assaltos (inclusive com sequestro de bancários e vigilantes), consumados ou não, e 537 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos (incluindo o uso de dinamites e maçaricos). São Paulo liderou o ranking do estudo com 283 casos.

Multas – No dia 15 de dezembro a Polícia Federal multou dez bancos em R$ 1,258 milhão por descumprimento da lei federal nº 7.102/83 e normas de segurança, durante a 92ª reunião da Ccasp do Ministério da Justiça, em Brasília. “Uma das questões que mais gerou multas aos bancos foi devido à ausência de vigilantes nas agências”, lembra Daniel. Para ele o aumento de roubos a banco não causa surpresa já que as instituições financeiras estão negligentes com a segurança de clientes e funcionários. O diretor do Sindicato lamenta que o descaso tenha como consequência a perda de um bem que jamais poderá ser reposto. “Em todo o país, 49 pessoas morreram durante assaltos às agências bancárias do país. Apenas em São Paulo, que lidera esse trágico ranking, morreram 16 pessoas.”


Marcelo Santos - 06/01/2012

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