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Assassinatos em bancos aumentam 14% em 2013

Linha fina
Pesquisa nacional aponta que 65 pessoas foram mortas em assaltos envolvendo instituições financeiras em 2013, mas investimento dos bancos em segurança cai
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São Paulo - Sessenta e cinco pessoas foram assassinadas em assaltos relacionados a bancos em 2013, média de 5,4 vítimas fatais por mês. O número consta de pesquisa nacional feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e representa aumento de 14,04% em relação a 2012, quando foram registradas 57 mortes. Nos últimos dois anos o crescimento nos homicídios envolvendo bancos subiu 32,7%. Os dados foram compilados com base em notícias da imprensa e apoio técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Enquanto o número de mortes subiu, o investimento do setor para preveni-las, caiu.

De acordo com o Dieese, os cinco maiores bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa e Santander) apresentaram lucros de R$ 42,2 bilhões de janeiro a setembro de 2013. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 2,4 bilhões no período, o que representa 5,6%, em média, na comparação com os lucros.

No mesmo período de 2012, diante do lucro de R$ 36,3 bilhões, os cinco maiores gastaram R$ 2,6 bilhões com segurança e vigilância, média de 6,2% dos lucros.

Violência – São Paulo (17), Rio de Janeiro (11), Bahia (7), Ceará (6), Minas Gerais (6) e Rio Grande do Sul (5) foram os estados que apresentaram mais casos. O estado com o maior crescimento de mortes em 2013 foi Minas, com 500% em relação ao ano anterior.

A famigerada “saidinha de banco” foi a principal ocorrência, responsável por 32 mortes, o que representa 49% do total. O assalto a correspondentes bancários (22%) matou 14 pessoas e o assalto a agências (12%) tirou a vida de outros oito. Houve também mortes em assaltos a caixas eletrônicos (6), abastecimento de caixas eletrônicos (3) e assaltos a postos de atendimento (2).

Ainda de acordo com a pesquisa nacional, foram assassinados 36 clientes, representeando 55% do total. Os vigilantes vieram na sequência (10), seguidos pelos transeuntes (5) e policiais (7). Dois bancários foram mortos, além de outras cinco pessoas, muitos deles vítimas de balas perdidas em tiroteios.

O alto número de casos em São Paulo é comprovado pelos dados da Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP), onde ocorreram 243 roubos a bancos em 2013. Somente na base do Sindicato (São Paulo, Osasco e região) foram 134 assaltos a agências e postos bancários, aumento de 9,83% com relação a 2012, quando foram verificados 122 assaltos.

O roubo a agências e correspondentes bancários é o único crime tipificado pelo governo estadual envolvendo bancos. As “saidinhas” são computadas como latrocínio – roubo seguido de morte –, cujas ocorrências cresceram de 344 casos em 2012, para 379 em 2013. Outros tipos de roubo tiveram alta de 237,9 mil para 257 mil no mesmo período, no estado.

Projeto-piloto – “Está claro que o governo do estado de São Paulo e outros do país devem muito em segurança à população. Mas os bancos podem fazer sua parte instalando equipamentos que visem tornar mais seguras as agências e o entorno delas com o objetivo de proteger a vida de bancários e clientes”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

O projeto-piloto de segurança conquistado pelos bancários em 2012 comprova essa realidade. Implantado inicialmente em agências de Recife, Olinda e Jaboatão de Guararapes, prevê a instalação de portas de segurança com detectores de metais, câmeras internas e externas, biombos entre a bateria de caixas e as filas, guarda-volumes, vigilantes com coletes balísticos e armados, cofre com dispositivo de retardo.

Os primeiros dados referentes ao programa foram divulgados no último dia 20 e mostram que os representantes dos trabalhadores estavam certos. A “saidinha de banco” retraiu nas três cidades onde os equipamentos do projeto-piloto foram instalados. A maior queda foi em Jaboatão dos Guararapes, de 64,4% (de 73 ocorrências em 2012 para 26 em 2013). No Recife, foi de 52,9% (314 para 148) e, em Olinda, 29,2% (de 65 para 46). 

O número de roubos a bancos também caiu, de 29 para 24 ocorrências (17,2%), em todo o estado de Pernambuco.

No dia 24, representantes dos bancários e dos bancos voltam a se reunir, dessa vez em São Paulo, para dar continuidade aos debates sobre segurança. “Vamos cobrar dos bancos que invistam mais e ampliem o projeto-piloto para todo o país”, reforça Juvandia.


Rodolfo Wrolli e Cláudia Motta - 29/1/2014

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