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Bancários começam a receber vale-cultura

Linha fina
Em cerimônia com a presença da ministra Marta Suplicy, dois trabalhadores do Banco do Brasil receberam seus cartões, representando os cerca de 28 mil funcionários da instituição que já aderiram ao programa
Imagem Destaque

São Paulo – “Quem vai uma vez no cinema e no teatro, sempre quer voltar. Isso vai criar um hábito. Vai fazer da cultura mais um item essencial na vida das pessoas.” Essa é a opinião do escriturário do Banco do Brasil Willy Kran, que recebeu na manhã desta sexta-feira 17, das mãos da presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, seu cartão do vale-cultura. O programa, do governo Dilma Rousseff, destina R$ 50 mensais a trabalhadores para serem gastos com produtos ou eventos culturais. O cartão tem validade nacional e o crédito é cumulativo, ou seja, o beneficiado pode poupar para gastar com algo que ultrapasse os R$ 50.

> Fotos: galeria da cerimônia
> Vídeo: matéria especial da entrega

A entrega, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro velho de São Paulo, marcou o lançamento do programa na instituição pública e contou com a presença da ministra da Cultura, Marta Suplicy, que entregou o cartão para outra bancária do BB, a escriturária Andreia Teixeira. “Acho que vou gastar principalmente com livros, adoro romances sobre a Palestina tipo ‘O Caçador de Pipas’. Já tinha o hábito de comprar livros, mas às vezes eu me privava”, conta a bancária. Os dois funcionários, do Distrito Federal, representaram os cerca de 28 mil trabalhadores do banco que já fizeram a adesão ao programa e receberão o crédito no dia 31 de janeiro.

O movimento sindical bancário também foi representado pelo presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

O cartão é destinado a bancários que ganham até cinco salários mínimos (R$ 3.620). A direção do BB estima que 42 mil funcionários estão aptos a aderir.

> Veja como fazer a adesão no BB
> Atenção às datas em todos os bancos

Pioneirismo – O vale-cultura é uma conquista da luta dos bancários durante a Campanha Nacional Unificada 2013. Assim, a categoria mais uma vez reforça seu papel pioneiro, sendo a primeira a ter o programa previsto em sua Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). “A conquista é importante não só para os bancários, mas também porque incentiva outras categorias a reivindicarem o cartão. Somos referência para outros trabalhadores e a nossa iniciativa vai servir de exemplo e ajudar na ampliação do projeto. Além disso, nossa CCT é nacional e o cartão vai ajudar no consumo de cultura de norte a sul do país”, destacou Juvandia.

Estima-se que apenas na categoria bancária, o vale-cultura injetará R$ 9,4 milhões ao mês, o que representa R$ 113 milhões por ano. Na ocasião, a ministra agradeceu ao movimento sindical bancário e à Juvandia pela conquista. “Nós nos falamos por telefone e unimos esforços para que se firmasse o acordo com a Fenaban (federação dos bancos)”, contou Marta.

Para a alma – Marta Suplicy lembrou que o Brasil avançou tirando milhares da miséria, mas que já estava na hora de o país ir adiante diminuindo a exclusão cultural. “Lembro quando viajava pelo país com o presidente Lula e ele falava que seu objetivo inicial era que todo brasileiro fizesse pelo menos três refeições por dia. Chegamos num patamar muito bom. E por isso mesmo agora precisamos de mais: precisamos de alimento para a alma, e o vale-cultura vai dar essa possibilidade.”

A ministra destacou ainda que o projeto é totalmente inovador e ganha o interesse de governos de outros países. “Quando falo do vale-cultura lá fora todos ficam fascinados. E não é à toa, se você pensar no que isso pode proporcionar para as pessoas, tanto para os consumidores quanto para quem produz cultura nesse país.”

Marta citou pesquisas que apontam para a exclusão cultural no Brasil, onde 92% dos cidadãos nunca foram a museus, por exemplo. “Tem muita gente que nunca foi ao cinema não só porque não tem dinheiro, mas porque na sua cidadezinha de 20 mil habitantes não tem cinema. O cartão vai ampliar o mercado para o cinema, para a livraria, para o teatro, até nas pequenas cidades.”

Ela afirmou que o projeto também inova pela liberdade que dá ao consumidor. “Fico curiosa para saber como pessoas como a Andreia vão utilizar o cartão. Vão comprar livros? Vão poupar para comprar um instrumento musical? Cada um vai decidir com o que gastar e isso é muito importante porque também cria público para qualquer produto cultural.”

A ministra comparou com a Lei Rouanet, que prevê dedução fiscal para patrocínio de empresas a iniciativas culturais. “A Lei Rouanet tem um papel importante, mas muita gente que produz cultura não encontra empresas que tenham interesse de patrocinar algo que seja muito inovador ou que a princípio não tenha público. O vale-cultura vai ajudar os produtores a terem público.”

A ministra informou que em breve os Correios também vão aderir ao programa. Até agora, 1.253 empresas em todo o país solicitaram a inscrição no programa para 340.422 funcionários. E 73% delas, segundo Marta, são pequenas. “São creches, oficinas mecânica, docerias, empresas com poucos funcionários, mas que percebem que é fundamental ampliar a visão de mundo de seus trabalhadores.”

O cartão está sendo entregue desde outubro.

Dedução no imposto – As empresas que aderirem ao vale-cultura poderão deduzir 1% no imposto de renda. O desconto para os trabalhadores varia entre R$ 2 a R$ 5, dependendo do salário. Saiba mais sobre o vale-cultura no www.cultura.gov.br/valecultura.


Andréa Ponte Souza - 17/1/2014

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