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Bancários apoiam-se em grupo de saúde da PUC

Linha fina
Trocas de experiências e formas de enfrentamento são tratadas em encontros semanais, sob supervisão de futuros psicólogos da universidade
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São Paulo – Uma parceria entre o Sindicato e o curso de Psicologia da PUC São Paulo ajuda bancários que estão passando por problemas no trabalho a enfrentar a situação com apoio de outros colegas e de futuros psicólogos, em encontros semanais realizados no Edifício Martinelli.

De acordo com a professora coordenadora Renata Paparelli, a ação – que já tem seis anos – “cumpre com os seus objetivos e representa uma importante iniciativa do Sindicato com relação à problemática saúde e trabalho bancário”.

A avaliação sobre o segundo semestre de 2014 para uma participante também é positiva: “Fui para trocar experiências. Foi bom porque a gente desabafava, ouviam nossa história e tínhamos apoio”, conta A., de 24 anos.

Quem participa - Os participantes são bancários, afastados ou na ativa, que viveram ou que estão vivendo situações difíceis no trabalho. Segundo Renata Paparelli, chegam ao grupo procurando um espaço onde suas questões possam ser compreendidas na sua complexidade: “Buscam um espaço no qual possam enfrentar a culpabilização que recai sobre os que adoecem no trabalho, enfrentar preconceitos, construir projetos de futuro. As dinâmicas de grupo e discussões empreendidas auxiliam nessa direção, em geral as pessoas saem do grupo menos angustiadas e visualizando alguns caminhos de ação”, relata.

“Não achei que tantas pessoas passavam pela mesma situação. Pelo o que vi, a pressão e o assédio moral são mais comuns do que imaginava. Por um lado, ver que não estava sozinha me confortou. Por outro, me deixou um pouco mais revoltada. São pessoas que trabalham, que doam seu tempo e suas preocupações para a empresa e, depois, somos tratados como número, sem valor nenhum”, avalia A., hoje ex-funcionária do HSBC e que, agora, planeja passar em concurso público.

Acompanhamento – Os encontros têm duração de 1h30, aproximadamente. Os estagiários que acompanham os bancários são estudantes do quarto ano do curso de Psicologia da PUC/SP.

Segundo a professora Renata Paparelli, formas de enfrentamento coletivas ou individuais são construídas.

“Houve grupos em que as ações de enfrentamento coletivas foram as que mais apareceram e houve outros em que as estratégias individuais prevaleceram, como nesse último semestre. Isso depende muito dos participantes, da presença de coletivos nos locais de trabalho, das alianças possíveis nos contextos vividos pelos presentes e da situação psicológica em que cada um se encontra”, explica.

“Como estratégias individuais, procuramos construir uma postura questionadora dos ditames institucionais, que analise de modo mais objetivo o processo de trabalho e nele encontre brechas para minimizar o desgaste no trabalho, como formas de minimizar o impacto subjetivo da pressão por metas abusivas”, ilustra.

Já como estratégias coletivas, formas de compartilhar as situações vividas com os colegas de trabalho, enfrentando a lógica institucional que leva à competição exacerbada, ao individualismo e ao isolamento são buscadas: “Que espaços de encontro entre os trabalhadores podemos potencializar (o cafezinho, a reunião informal)? Além disso, pensamos nas formas possíveis de resistência no dia-a-dia de trabalho e no papel fundamental da participação em instituições tais como o sindicato”, aponta a docente.

Os grupos são formados a cada seis meses. Como continuidade, o bancário pode participar novamente da atividade no Sindicato. “Os encontros não são repetidos, são estruturados para atender as demandas dos presentes naquele semestre e, portanto, pode-se participar de vários grupos”, diz Renata.

“Outra possibilidade é continuar os atendimentos na Clínica Psicológica da PUC-SP, na qual desenvolvemos a Clínica do Trabalho, voltada especialmente para pessoas com problemas de saúde relacionados ao trabalho”, afirma.

A partir de fevereiro, o Sindicato divulga data de início e inscrição. Para maiores informações, saú[email protected] ou pela Central de Atendimento 3188-5200.


Mariana Castro Alves – 5/1/2015

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