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Contax de Recife é interditada por infrações

Linha fina
Proibição de idas ao banheiro, seis mil atestados por mês e assédio moral estão entre mazelas da empresa que presta serviços para bancos e possui 33 unidades em todo o país
Imagem Destaque

São Paulo – O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) interditou a unidade sede da Contax, em Santo Amaro, no Recife, por conta de uma série de infrações que prejudicam diretamente a saúde de 14 mil trabalhadores da unidade, que presta serviço para bancos, entre outras empresas.

A interdição foi na terça-feira 20 e a empresa entrou com pedido de reabertura na quarta-feira. Trata-se da maior unidade das 33 instaladas no Brasil. Na quinta-feira 22, auditores do trabalho voltam ao local para averiguar se a empresa cumpriu as determinações do Ministério Público. Para suspender a interdição, o MPT fez uma lista de exigências. Entre elas está a higiene dos espaços e equipamentos do ambiente de trabalho e mudança na postura de supervisores e coordenadores que praticam assédio moral. A Polícia Federal participou da operação para garantir a segurança dos auditores.

A Justiça do Trabalho orientou diversas vezes a empresa, mas os termos de ajuste nunca foram não cumpridos. A interdição paralisou principalmente o teleatendimento de bancos e operadoras de telefonia.

Problemas de saúde geraram cerca de seis mil atestados apresentados por mês na Contax, parte deles rejeitados. Os trabalhadores foram retirados do prédio e quem chegava recebia a informação de que aguardasse a orientação sobre o retorno às atividades.

De acordo com a coordenadora da operação do MTE, Cristina Serrano, são muitas regras não cumpridas e condições de trabalho que prejudicam diretamente a saúde, o que pode justificar o alto volume de faltas e apresentação de atestados.

“O nível de adoecimento tornou-se algo fora de controle. Os trabalhadores são proibidos de beber água de acordo com a necessidade. O mesmo vale para ida ao banheiro. As cobranças de atendimento e metas a cumprir são excessivas. Todo esse cenário gera problemas osteomusculares, como tendinites, e geram patologias irreversíveis, como lesões de ombro ou de perda de audição. Por ter restrições de idas ao banheiro, evitam beber água, o que causa infecção urinária. E entra no círculo de patologias”, destacou. “A maioria tem idade de 18 anos a 25 anos e estamos visualizando uma parcela de jovens sequelados”, complementou.

Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello, esta situação dos atendentes de telemarketing pode ser estendida para os bancários, caso os bancos consigam aprovar, no Congresso Nacional e na Justiça, seus projetos que liberam a terceirização indiscriminada. “No ano passado, terminou sem sucesso a negociação entre centrais sindicais, governo e empresas para discutir um acordo em torno do projeto de lei 4330, que legaliza a terceirização irregular e tramita desde 2004 no Congresso. A luta continua este ano para, de uma vez por todas, enterrar esse e outros projetos que só acabam com a saúde e a qualidade de vida do trabalhador”, destaca a dirigente.

Terceirizada dos bancos – A Contax, maior em atuação no serviço de teleatendimento do país, é prestadora de serviço de call center para quatro bancos (Bradesco, Itaú, Santander e Citibank) e três operadoras de telefonia (Oi, Vivo e Net).

As empresas foram autuadas e multadas em mais de R$ 300 milhões no fim do ano passado por terceirização ilícita dos serviços de call center, além de assédio moral e adoecimentos em massa de trabalhadores alocados na Contax.

“A paralisação do edifício da Contax de Santo Amaro serve de modelo para as outras 32 do grupo espalhadas pelo país. Isso não quer dizer que as outras estão em condições perfeitas. Estão descumprindo da mesma forma, mas paralisar 33 prédios da empresa no Brasil é impossível de forma simultânea”, explica a auditora do ministério do Trabalho.


Redação, com Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio – 22/1/2015

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