
São Paulo – A Polícia Militar de São Paulo nunca matou tanto nos últimos dez anos como em 2014. O levantamento, que não apresenta ainda os dados do mês de dezembro, é do portal R7 com base nos dados do Centro de Inteligência e da Corregedoria da PM. Foram 816 pessoas mortas por policiais militares no estado, média de uma a cada 9,8 horas.
A letalidade policial bateu até mesmo anos como 2006 (608 mortos) e 2012 (715), quando as forças de segurança de São Paulo e integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) estiveram em confronto aberto.
Se o aumento da ofensiva policial era estratégia do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para reduzir a criminalidade, não deu certo. De acordo com o portal, o total de crimes permanece estável, flutuando entre 900 mil e 1 milhão – desde 2004. Em 2008, por exemplo, quando a PM matou 507, a quantidade de crimes foi a menor da década e o único ano abaixo dos 900 mil (866 mil). Em 2005, o total de crimes foi parecido com o do ano passado – 984 mil e 967 mil, respectivamente – mas naquele ano foram “apenas” 405 mortes, ou seja, metade das 816 de 2014.
Ricardo Balestreri, ex-secretário nacional de Segurança Pública (2008 a 2010) e presidente do Observatório do Uso Legítimo da Força, acredita que a truculência não reduz em nada a criminalidade. Segundo Balestreri, o cidadão que acredita que a polícia que mata mais é a mais eficiente está totalmente enganado.
“O que reduz a criminalidade é a presença da polícia, não a reação. Polícia perto da comunidade é a maior inteligência que se pode ter contra o crime. Quando o confronto acontece, fica evidente que a prevenção falhou. A regra precisa ser a prevenção e não o confronto com morte. Experiências nas quais a polícia atuou perto da população mostram reduções entre 40% e 70% dos índices criminais. O policial precisa ser o operador do direito enérgico, duro, combativo e valente para enfrentar o crime, mas ele não pode confundir seu poder e entrar na lógica de usar de maneira banal as mesmas táticas dos criminosos. O uso da força letal por parte do Estado não influencia em nada na redução dos crimes.”
Redação, com informações do R7 – 15/1/2015
