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Letalidade da PM não reduz criminalidade em SP

Linha fina
Segundo levantamento do portal R7, polícia de Alckmin nunca matou tanto nesta década como em 2014, mas índices de crimes fechou ano no mesmo patamar de 2013
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São Paulo – A Polícia Militar de São Paulo nunca matou tanto nos últimos dez anos como em 2014. O levantamento, que não apresenta ainda os dados do mês de dezembro, é do portal R7 com base nos dados do Centro de Inteligência e da Corregedoria da PM. Foram 816 pessoas mortas por policiais militares no estado, média de uma a cada 9,8 horas.

A letalidade policial bateu até mesmo anos como 2006 (608 mortos) e 2012 (715), quando as forças de segurança de São Paulo e integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) estiveram em confronto aberto.

Se o aumento da ofensiva policial era estratégia do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para reduzir a criminalidade, não deu certo. De acordo com o portal, o total de crimes permanece estável, flutuando entre 900 mil e 1 milhão – desde 2004. Em 2008, por exemplo, quando a PM matou 507, a quantidade de crimes foi a menor da década e o único ano abaixo dos 900 mil (866 mil). Em 2005, o total de crimes foi parecido com o do ano passado – 984 mil e 967 mil, respectivamente – mas naquele ano foram “apenas” 405 mortes, ou seja, metade das 816 de 2014.

Ricardo Balestreri, ex-secretário nacional de Segurança Pública (2008 a 2010) e presidente do Observatório do Uso Legítimo da Força, acredita que a truculência não reduz em nada a criminalidade. Segundo Balestreri, o cidadão que acredita que a polícia que mata mais é a mais eficiente está totalmente enganado.

“O que reduz a criminalidade é a presença da polícia, não a reação. Polícia perto da comunidade é a maior inteligência que se pode ter contra o crime. Quando o confronto acontece, fica evidente que a prevenção falhou. A regra precisa ser a prevenção e não o confronto com morte. Experiências nas quais a polícia atuou perto da população mostram reduções entre 40% e 70% dos índices criminais. O policial precisa ser o operador do direito enérgico, duro, combativo e valente para enfrentar o crime, mas ele não pode confundir seu poder e entrar na lógica de usar de maneira banal as mesmas táticas dos criminosos. O uso da força letal por parte do Estado não influencia em nada na redução dos crimes.”


Redação, com informações do R7 – 15/1/2015

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