São Paulo - O Ministério da Saúde anunciou na terça-feira 9 uma nova campanha de vacinação contra a febre amarela em 76 municípios de três estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. A vacinação, contudo, ocorrerá pela primeira vez no Brasil com doses fracionadas (0,1ml), que protegem por pelo menos oito anos. A dose padrão (0,5ml) é desde 2014 considerada única (com duração por toda a vida) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A expectativa do governo federal, após o país viver no ano passado seu maior surto da doença desde 1980, é imunizar quase 20 milhões de pessoas entre fevereiro e março – 6,3 milhões delas somente em São Paulo, em 53 municípios.
No estado de São Paulo, onde a campanha vai de 3 a 24 de fevereiro, foram confirmadas 13 mortes (autóctones, ou seja, do próprio estado) pela doença desde janeiro do ano passado. Outras seis mortes são de casos importados, segundo boletim epidemiológico do governo paulista atualizado até a segunda-feira 8. Ao todo, 58 casos foram confirmados no estado (29 autóctones e 29 importados). Estão sob investigação 11 casos e 4 mortes.
Em todo o estado, 4,9 milhões de pessoas devem receber a dose fracionada e 1,4 milhão, a dose padrão (conheça o público-alvo das duas doses). Em 40 cidades, segundo a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, a vacina será ofertada para a população total, devido à alta concentração de áreas verdes. Os outros 13 municípios terão vacinação parcial apenas para moradores de bairros com maior vulnerabilidade.
Imunização temporária – A vacina fracionada terá um selo diferenciado, para que no futuro seja exigida uma dose de reforço. No entanto, a medida adotada pelo governo brasileiro, e já aplicada em países como Angola e Congo, é vista por especialistas como resultado da falta de planejamento das autoridades.
Segundo o médico infectologista José Valdez Ramalho Madruga, ouvido pelo Brasil de Fato, para que o governo brasileiro vacinasse com a dose padrão todas as pessoas que vivem nas regiões afetadas, a quantidade de vacina necessária seria equivalente a um terço de toda a produção mundial. “Ela (dose fracionada) pode ser utilizada nessas situações de surto, mas precisamos fazer uma ressalva: algumas situações específicas precisam da dose plena, como as pessoas que têm infecção pelo vírus do HIV ou alguma outra doença imunológica, crianças abaixo de dois anos e gestantes”, explica.
Madruga acrescenta que a dose fracionada da vacina, contudo, não está sendo aceita para viagens internacionais. Nesse caso, a pessoa pode levar para os postos de saúde um comprovante de que viajará para algum país que peçam o atestado da vacina, e então poderá tomar a dose completa. A imunização deve ser feita em até dez dias antes da viagem, seja para o exterior, seja para as áreas de risco dentro do Brasil.