São Paulo – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação "oficial" do país, fechou 2017 com variação de 2,95%, a menor desde 1998, segundo o IBGE. Mas alguns itens importantes pesaram mais nas despesas do consumidor, como a gasolina e a energia, que subiram acima de 10%, e o gás de botijão, com alta de 16%.
O maior impacto sobre a inflação no ano passado – 0,95 ponto percentual, quase um terço da taxa total – veio do grupo Habitação, que subiu 6,26%. Contribuíram para isso os aumentos do gás (que sozinho respondeu por 0,19 ponto), da taxa de água e esgoto (10,52% de alta e participação de 0,17 ponto) e da energia elétrica (10,35% e 0,35 ponto).
O IBGE lembra que, durante o ano, a Petrobras autorizou reajustes nas refinarias de 84,31% no preço do gás vendido em botijões de 13 quilos. As variações do produto foram de 5,28% (Curitiba) a 33,52% (Recife). No caso da água e esgoto, foi de 3,09% (Brasília) a 22,96% (Belém). Já a energia variou de -0,33% (Campo Grande) a 30,54% (Goiânia).
Responsável por um quarto das despesas das famílias, o grupo Alimentação e Bebidas recuou 1,87% no ano, registrando deflação pela primeira vez desde o Plano Real. Um fator que ajudou nesse resultado foi a produção agrícola, que cresceu aproximadamente 30%. Segundo o instituto, a queda se deu principalmente com os alimentos para consumo em casa (-4,85%), enquanto a alimentação fora de casa, que tem peso menor, subiu 3,83%.
O destaque do ano foram as frutas, que em média caíram 16,52%, queda que representou impacto de -0,19 ponto percentual no IPCA. O preço do feijão carioca diminuiu 46,06% (-0,14 ponto) e o do açúcar cristal, 22,32% (-0,09). Outros tipos de feijão também tiveram queda, como o mulatinho (-44,62%) e o fradinho (-32,42%), com peso menor.
Outro grupo com peso significativo no IPCA (18% do total), Transportes subiu 4,10% no ano. Os destaques foram gasolina (10,32%), ônibus intermunicipal (6,84%), emplacamento e licença (4,29%), ônibus urbano (4,04%) econserto de automóvel (2,66%).
Despesas Pessoais variou 4,39% (alta de 6,47% no item empregado doméstico) e Vestuário, 2,88%, com aumento de 4,01% nos calçados. O grupo Comunicação subiu 1,76%, puxado pelo telefone celular (6,04%). Já Artigos de Residência teve queda de 1,48%, com os itens TV, som e informática (-6,50%) e eletrodomésticos (-2,65%).
Entre as regiões, a maior variação anual foi registrada em Goiânia e Brasília, ambas com 3,76%. A menor foi a de Belém (1,14%), com redução do feijão carioca e do açúcar cristal. Na região metropolitana de São Paulo, o IPCA subiu 3,63%. Em seguida, vêm Curitiba (3,42%), Recife (3,31%), Rio de Janeiro (3,03%), Vitória (2,55%), Porto Alegre (2,52%), Fortaleza (2,27%), Salvador (2,14%), Campo Grande (2,11%) e Belo Horizonte (2,03%).
Apenas no mês de dezembro, o IPCA teve variação de 0,44%, a maior do ano. A alta teve influência dos grupos Alimentação e Bebidas (de -0,38%, em novembro, para 0,54%) e Transportes (de 0,52% para 1,23%).
INPC – Com 0,26% no último mês do ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulou variação de 2,07% em 2017, a menor desde o Plano Real. Os alimentos caíram -2,70% e os produtos não alimentícios subiram 4,25%.