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Chapéu
Política genocida

Almoço coletivo em frente à prefeitura marca protesto contra Covas

Linha fina
Sindicato, CUT e cerca de 20 entidades do movimento social distribuíram 700 marmitas em protesto contra fim do convênio que garantia distribuição de alimentos para a população de rua na pandemia; cortes na assistência social e fim da gratuidade nos transportes para idosos também foram criticadoss
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Foto: Jamal Paiva

Com a distribuição de 700 marmitas em frente à Prefeitura de São Paulo na hora do almoço desta quinta-feira 14, o Sindicato, a CUT São Paulo, cerca de 20 entidades do movimento social e a população de rua protestaram contra o que muitos manifestantes chamaram de política genocida do prefeito Bruno Covas, que anunciou o fim do convênio que garantia alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade social no Centro da capital, durante a pandemia.

Os manifestantes reivindicaram uma audiência com o prefeito, mas não foram recebidos. O próximo passo será uma reunião com vereadores favoráveis à causa nesta sexta-feira 15, para que seja enviado um ofício por meio da Câmara solicitando que Bruno Covas receba uma comissão para discutir os pontos reivindicados.

Além da continuidade da participação da Prefeitura na ação de distribuição de refeições (projeto Rede Cozinha Cidadã), as entidades pedem também a ampliação de ações sociais fundamentais durante a pandemia, como programas de moradia digna e de combate ao desemprego, e de fomento à renda, como a continuidade do auxílio emergencial municipal. Cobram ainda a manutenção da gratuidade no transporte público para pessoas acima de 60 anos (veja abaixo as principais reivindicações).

“Pagamos impostos para que a Prefeitura realize projetos sociais”, destacou o vice-presidente da CUT SP, o dirigente sindical bancário Luiz Claudio Marcolino. “Por isso estamos aqui hoje fazendo essa reivindicação ao prefeito: não corte o convênio para garantir alimentação à população de rua, amplie! Porque a necessidade do momento agora, com o fim do auxílio emergencial e aumento do desemprego, é de ampliação dessa ações, e não de cortes como Covas está fazendo”, criticou.

Marcolino lembrou ainda que o corte da gratuidade no transporte para pessoas acima de 60 anos representará uma ínfima economia para a Prefeitura, mas um prejuízo imenso para idosos que mal têm como sobreviver com suas aposentadorias ou pensões. “Na pandemia, o prefeito deveria estar preocupado em diminuir o sofrimento da população e cuidar dos mais carentes e vulneráveis. Mas não é o que estamos vendo.”

“O ato foi contra medidas arbitrárias da gestão Bruno Covas, que vem diminuindo a verba para projetos voltados a moradores de rua e população de baixa renda, justamente na pandemia, em que essas ações são ainda mais necessárias. Vemos hoje não só trabalhadores de baixa renda, mas famílias inteiras nas ruas, necessitando de um prato de comida e de atenção social. E o atual governo, ao invés de assistir a população, corta projetos que podem garantir o mínimo para a sobrevivência dessas pessoas”, ressaltou o secretário de Organização e Suporte Administrativo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, João Fukunaga.

O Sindicato, por meio do projeto, Bancário Solidário, é uma das entidades que participa da distribuição de marmitas, o que é feito diariamente na Quadra dos Bancários, na Rua Tabatinguera, próximo à Sé.

Política desumana

“Nós estamos em uma pandemia que não terminou, não houve vacinação, aumentou em 50% a população de rua da cidade, não tem abrigos suficientes e quando as pessoas estão vivendo em barracas, vem o rapa e toma. E agora estão querendo cortar até o alimento das pessoas. É demais desumano!”, disse Robson Mendonça, presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua do Estado de São Paulo, entidade parceira do Sindicato na distribuição de alimentos na Quadra.

Seu Robson, como é mais conhecido, coordena a distribuição diária de 2 mil a 2.200 refeições. “Fica uma fila grande em frente à Quadra, e não vem só a população de rua do Centro. Muita gente que vem de Cidade Tiradentes, de Osasco, etc, porque a fome é geral”, conta.

Segundo seu Robson, dessas cerca de 2 mil refeições doadas na Quadra, 600 vêm da prefeitura. Mas a gestão Bruno Covas já anunciou que em breve deve cortar em 50%, ou seja, passará a enviar somente 300; e sinalizou que pode acabar com a parceria.

“A prefeitura já está reduzindo o programa. Antes eram distribuídas marmitas em diversos pontos do Centro como no Pateo do Colégio, no Largo do Arouche, na República, no Largo São Francisco e em frente ao Teatro Municipal. Agora só tem distribuição na Quadra dos Bancários e no Chá do Padre, na Rua Riachuelo. Mas a necessidade das pessoas é a mesma, e só faz aumentar”, lamenta seu Robson, acrescentando que a ação na Quadra vai se manter e que os movimentos sociais continuarão cobrando responsabilidade da poder municipal.

Veja o que os movimentos reivindicam:

  • Manutenção do contrato e ampliação da quantidade de refeições do projeto Rede Cozinha Cidadã;
  • Continuidade e expansão do projeto Ação Vidas no Centro;
  • Aumento das vagas de hotéis para população de rua durante a pandemia;
  • Ampliação e diversificação da oferta de moradia digna;
  • Prorrogação da Renda Básica Emergencial municipal;
  • Prioridade para a população em situação de rua no plano de vacinação da Covid-19;
  • Retorno da gratuidade no transporte público a partir de 60 anos.
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